The Big Gay Musical, musical faz piadas com clichês

Em The Big Gay Musical, Paul (Daniel Robinson) e Eddie (Joey Dudding) são dois atores que estão envolvidos com a produção de um musical off-broadway, que retrata um suposto casal gay que teria vivido no paraíso.

Paul é gay assumido e, tendo terminado um relacionamento recentemente, se pergunta se deve procurar outra pessoa ou se deve passar um tempo só se divertindo sem compromisso. Já Eddie, criado em uma família conservadora, não consegue se assumir e luta com isso.

O filme acompanha as histórias dos dois rapazes e a preparação do musical.

O filme trabalha com duas histórias
O filme trabalha com duas histórias

The Big Gay Musical – O musical

Este é um filme quase metalinguístico, uma vez que seus dois principais temas – a homossexualidade e os musicais – são questões que fazem parte do longa em todos os seus aspectos. O filme é um musical sobre dois atores gays, que estão ensaiando para fazer uma peça musical, que também tem temática LGBTQ+.

A peça em questão se chama Adam & Steve: Just the Way God Made ‘Em e apresenta uma nova versão do livro de Gênesis, onde Deus, depois de expulsar Eva do paraíso, teria colocado outro homem, Steve, para fazer companhia a Adão (em inglês, Adam) e que os dois teriam se tornado um casal. Eva então, enciumada, teria escrito a bíblia cheia de mensagens contra os homossexuais, como uma maneira de se vingar de Adam e Steve.

Paul e Eddie como Adam e Steve
Paul e Eddie como Adam e Steve

É verdade que o filme não apresenta uma grande trama, mas tem boas sacadas. Adam e Steve, que são os nomes dos personagens da peça, é a maneira com que os americanos, geralmente homofóbicos, se referem ao fato de não existirem gays na bíblia (“God made Adam and Eve, not Adam and Steve”, “Deus fez Adão e Eva, não Adão e Steve”, em tradução literal). A frase tem origem na comunidade cristã conservadora, e infelizmente é usada até hoje. Aqui dizem “Adão e Ivo”.

O longa, que tem temática LGBTQ+ e claramente discorda dessa visão, se apropria da frase para transformá-la em uma celebração ao amor gay. Também é interessante ver essa nova interpretação do livro do Gênesis, mesmo que o único lugar onde ela apareça seja nesse filme.

Paul e Eddie

O filme trabalha em duas frentes. A primeira é a peça que está sendo produzida dentro do filme e a segunda são as vidas de seus dois protagonistas. Paul é gay assumido, não tem qualquer problema em mostrar quem realmente é. Quando seu namorado termina com ele, ele se questiona se deve procurar outro relacionamento sério ou se deve passar um tempo só se divertindo. Já Eddie ainda está no armário e embora saia com outros caras, não consegue se assumir para a sua família, que é conservadora. O musical parece o momento ideal para começar a se sentir mais livre consigo mesmo.

The Big Gay Musical é quase metalinguístico
The Big Gay Musical é quase metalinguístico

É natural que os dois comecem a se relacionar e se dar bem. As questões que The Big Gay Musical apresenta parecem muito realistas dentro da comunidade LGBTQ+, então, é fácil se reconhecer com pelo menos um dos dois personagens. Mesmo quando se pensa de uma maneira geral, os questionamentos dos dois protagonistas fazem sentido na vida de qualquer jovem adulto.

O filme fala sobre a procura por emprego e por uma carreira, especialmente uma que seja da sua escolha, a dificuldade em se comprometer, ou em saber qual é o momento para tal e a luta para se tornar você mesmo. Claro que a história de Eddie, que quer sair do armário, é muito mais próxima da comunidade LGBTQ+, que sabe como é essa situação, mas o filme pode falar com qualquer pessoa.

The Big Gay Musical retrata questões que afetam qualquer jovem adulto
O filme retrata questões que afetam qualquer jovem adulto

Aspectos técnicos de The Big Gay Musical

Esta é uma produção pequena e que nem parece tão preocupada assim em apresentar um grande trabalho. A trama, embora original, é bem simples. As atuações também não são grande coisa e as cenas musicais são facilmente esquecíveis. A impressão que se tem é que o filme gira em torno de garotos bonitos, usando pouca roupa.

A questão é que é meio difícil de levar o filme a sério, porque ele parece ter sido feito de maneira rápida e sem muito cuidado. Mas talvez a ideia seja não levar o filme a sério mesmo. A trama toda também deixa o longa muito específico, ele não chama atenção do público que gosta de musicais e parece nem ser tão popular assim entre o público LGBTQ+. Além disso, o fato de não ter tido um grande lançamento, também prejudica um pouco.

The Big Gay Musical tira sarro de vários clichês
The Big Gay Musical tira sarro de vários clichês

No entanto, tem que se valorizar a ideia por trás do filme, afinal é original e mesmo quando se pensa em musicais que tratam de temas religiosos como Jesus Cristo Superstar ou Godspell – A Esperança, que são ousados para a sua época e ainda nos dias de hoje recebem críticas pelo seu conteúdo, é difícil pensar em outro filme que trate o assunto usando personagens gays. Também é muito inteligente da parte de seus criadores usarem da igreja católica, que sempre perseguiu os homossexuais, e de suas crenças, para fazer um filme que fala sobre personagens LGBTQ+ e que tenha uma mensagem positiva.

As músicas

Aqui temos a mistura do gênero musical clássico, onde as pessoas cantam sobre situações do dia a dia e essas músicas empurram a história para frente, e o musical onde as pessoas cantam só no palco. Isso porque boa parte do filme mostra a peça que está sendo produzida e a outra parte é focada em Paul e Eddie.

The Big Gay Musical tem uma trama relativamente original
O musical tem uma trama relativamente original

O público, então, acompanha a vida dos dois rapazes, que também é regada a música e números musicais e o musical Adam & Steve: Just the Way God Made ‘Em. Entre as músicas que fazem parte da trilha sonora estão Creation, The Party Isn’t Over, I Will Change, I’m Gonna Go Straight, Someone to Sing Me a Love Song, Musical Theatre Love e God Loves Gays.

Embora as músicas e os números musicais não sejam memoráveis, pelo menos é tudo muito divertido, como é possível notar pelos nomes das músicas. E o filme parece disposto a tirar sarro de vários clichês, como os nerds do teatro musical (muito comum nos Estados Unidos) e da ideia de que o teatro musical é voltado especificamente para os gays e que todos os homens que gostam de musicais ou que estão na indústria do teatro musical são necessariamente gays.

The Big Gay Musical não é um grande musical e nem um grande filme mas, pelo menos sabe rir de si mesmo e entreter. Além disso, passa uma mensagem de aceitação, que se faz sempre necessária.

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