The Neighbor

Mike (William Fichtner) é um homem de meia-idade, infeliz no seu casamento, até que ele conhece seus novos vizinhos, o jovem casal Scott (Michael Rosenbaum) e Jenna (Jessica McNamee).

Mike e Jenna se dão bem quase que automaticamente, mas ele logo nota que Scott é grosseiro e violento e acredita que Jenna esteja em perigo. Mike então, resolve que vai salvar Jenna de seu marido.

A crise de Mike

The Neighbor acompanha Mike, um homem que vive bem e que parece ter conquistado tudo na vida, mas que está em crise. Ele não é feliz com seu emprego ou seus hobbies e seu casamento com Lisa (Jean Louisa Kelly) não está bem e isso fica claro logo no começo do filme.

Aliás, a trama só acontece porque Mike está em crise, já que é isso que o motiva a começar a observar os vizinhos. Assim, no maior espírito “Janela Indiscreta”, Mike espia seus vizinhos Scott e Jenna e depois os conhece pessoalmente.

Jenna é uma moça adorável, sensível e inteligente, com quem Mike se dá bem rapidamente, mas Scott é completamente diferente, ele é grosseiro, misógino, preconceituoso e faz piadas absurdas. Mike também passa a acreditar que Mike é violento com Jenna e isso, claro, o incomoda demais.

Óbvio que também existe uma atração de Mike por Jenna, que não passa despercebido nem por Scott, o marido de Jenna, nem por Lisa, a esposa de Mike, mas na maioria dos momentos a motivação de Mike é altruísta e provém da vontade de livrar Jenna de seu casamento violento.

Violência doméstica

Embora The Neighbor tenha Mike como protagonista e trate, em menor medida, da maneira com que ele observa os seus vizinhos e de sua relação com Jenna, o filme também fala de um tema importante e que deve, sim, ser debatido: a violência doméstica.

Jenna vive em um relacionamento abusivo com um marido violento que a agride, aliás, Scott nem esconde sua personalidade em momento algum e apesar do filme tentar fazer disso um mistério, é um tanto quanto óbvio que ele é realmente violento.

É uma pena, no entanto, que o filme não se aprofunde tanto nesse tema, já que ele serve mais como pano de fundo para as motivações de Mike e é uma maneira de aproximar o protagonista e Jenna, ainda que, claro, ele coloque Scott como o vilão da história.

Aspectos técnicos de The Neighbor

The Neighbor é uma produção pequena, com poucos cenários e um elenco com pouca gente, mas se sai bem dentro do que é possível, o longa se vira bem com o que tem. O roteiro é interessante, mesmo que não seja muito inovador.

Ele pinta Mike como o salvador o tempo todo, e até reforça essa imagem quando coloca ele como o único homem decente da vizinhança. Scott não só é violento, como também faz piadas machistas e trata a sua esposa como um objeto que ele comprou, mas os outros vizinhos, que eventualmente aparecem no filme, riem das piadas de Scott e não parecem nem vagamente incomodados com o que Scott diz, com exceção de Mike, que sempre está desconfortável perto do marido de Jenna.

No entanto, o filme parece simplesmente esquecer que Mike, por mais que tenha boas intenções, é um stalker, que está ligeiramente obcecado por Jenna e que sente atração por ela, nunca sabemos se suas motivações são totalmente altruístas – o que parece ser o caso por boa parte do filme – ou se são egoístas e ele deseja que Jenna largue Scott para que ele possa ficar com a moça.

O filme trata de um tema real e sério, mas também pesado, e é uma pena que não discuta a violência doméstica a fundo e use essa questão somente como pano de fundo para a sua trama de salvação pelo protagonista, o assunto poderia ser usado de maneira melhor.

The Neighbor se vende como um thriller, mas é muito mais um drama do que qualquer outra coisa, embora a relação de Scott e Jenna seja angustiante e tensa, o telespectador sente mais dó de seus personagens, inclusive de Mike, do que medo pelo que vê na tela.

The Neighbor até traz temas importantes para a sua trama, mas não se destaca e é um suspense dramático sem muito a acrescentar e que pouco entretém a plateia.