Tio Frank

Filme sobre aceitação e compreensão

O ano é 1973 e Beth Bledsoe (Sophia Lillis) acabou de entrar na faculdade, para isso, ela se muda de Creekville, sua cidade natal, para Nova York, onde seu tio Frank (Paul Bettany) também mora e dá aulas. Frank é o familiar com quem Beth mais se dá bem, e um dia ela aparece com um namorado (Colton Ryan), de surpresa, em uma festa na casa do tio e descobre que Frank é gay e mantém um relacionamento com Wally (Peter Macdissi), um imigrante da Arábia Saudita, há mais de dez anos, mas que ninguém na família sabe.

Beth concorda em não contar para ninguém sobre a orientação sexual e o relacionamento do tio, mas no dia seguinte, Daddy Mac (Stephen Root), pai de Frank e avô de Beth, morre repentinamente e os dois precisam retornar para Creekville para o enterro. Frank não autoriza que Wally vá, mas ele os segue mesmo assim e os três se veem em uma viagem de conhecimento e aceitação.

Beth e Frank

O centro do filme é a relação entre Beth e Frank e também é ela que segura boa parte do filme. Os dois são naturais de uma pequena cidade na Carolina do Sul, mas nenhum deles parece pertencer ao lugar. Frank é um homem sofisticado e inteligente que dá aulas em uma universidade em Nova York e Beth sempre quer saber mais e admira o tio, existe uma relação muito próxima entre os dois, já que Beth não se reconhece nem em seu pai, Mike (Steve Zahn), nem em sua mãe, Kitty (Judy Greer), e que Frank sempre estimula a sobrinha a ser quem ela realmente é e ser, automaticamente, diferente dos outros membros da família.

O filme mistura drama, comédia e road movie
O filme mistura drama, comédia e road movie

É por isso que os dois acabam vivendo em Nova York, e ela estudando na mesma universidade em que ele dá aulas. É a relação muito próxima dos dois que permite que a trama se desenvolva, já que o longa fala sobre aceitação, seja dos outros, seja de si próprio, e o carinho e a admiração que existem entre Beth e Tio Frank são a base para que eles aceitem um ao outro.

Beth é, aparentemente, a primeira pessoa da família a descobrir que Frank é gay e a conhecer seu parceiro, Wally, e mesmo o filme se passando nos anos 1970, a orientação sexual do tio não é um problema para a garota, diferentemente do que Frank teme. Também é a revelação do segredo do tio que permite que Beth conte os seus próprios segredos e que os dois possam aprender um com o outro.

Road movie

Tio Frank é um drama, mas que tem muitos elementos de um road movie, isso porque logo no começo, Beth e Frank – e mais tarde descobrimos, Wally – precisam fazer uma viagem de volta à sua cidade natal para o enterro do patriarca da família. Beth então, viaja de vez em quando com Frank e de vez em quando com Wally e vai ficando mais próxima não só do seu tio, mas também do parceiro dele.

A aceitação é um dos temas de Tio Frank
A aceitação é um dos temas de Tio Frank

A viagem também traz à tona outras questões, já que Frank começa a contar para a sobrinha sobre sua adolescência e suas primeiras experiências. O telespectador então, acompanha um flashback sobre a juventude de Frank (nessa fase interpretado por Cole Doman) e sobre seu primeiro amor e tudo que isso desencadeou. Frank é um personagem um pouco mais complexo do que parece ser e que não é tão seguro quanto demonstra enquanto está em Nova York. A ida de Wally, que promete ficar em um hotel durante o tempo que eles vão passar em Creekville, deixa Frank ainda mais inseguro, uma vez que seu parceiro e sua família vão estar, pela primeira vez, no mesmo lugar.

A relação entre Frank e Beth é, de fato, uma questão muito relevante, mas o filme fala de outras questões como a autoaceitação e a homofobia internalizada de Frank, que ainda luta com sua orientação sexual, a falta de apoio da família, que muitas vezes é violenta e cruel, mas também de compreensão, amizade e amor.

Aspectos técnicos de Tio Frank

Tio Frank é um filme que acompanha três períodos diferentes – os anos 1970, quando Beth descobre que Frank é gay, o final dos anos 1960, quando acompanhamos uma conversa entre o tio e a sobrinha e a adolescência de Frank, que deve se passar nos anos 1940 -, existe, claro, uma mudança de figurinos e de tendências apresentadas, mas tudo é bem discreto e a percepção do tempo se dá mais pela mudança do elenco. No entanto, tudo funciona, porque existe um charme naqueles figurinos, e é possível entender o que se passa no filme.

Paul Bettany em cena do filme
Paul Bettany em cena do filme

Não existem muitas reviravoltas mirabolantes na trama de Tio Frank, isso porque o roteiro retrata uma situação simples e cotidiana, embora escolha centrar sua história nos anos 1970, o que dá um pouco mais de camadas para tudo. Tio Frank acompanha a vida de Frank e sua sobrinha Beth, mas poderia falar de qualquer família.

Como a relação de Beth e Frank é um dos pontos altos do longa, é importante que exista química entre Paul Bettany e Sophia Lillis, e ela está presente, é fácil acreditar na relação dos dois e muito divertido acompanhar a maneira com que um acolhe o outro quando se faz necessário. Os dois também estão ótimos nos seus personagens, Steve Zahn, Judy Greer e Margo Martindale são outras atuações que chamam a atenção.

Tio Frank transita entre o drama, a comédia em alguns momentos pontuais, e o road movie, e traz uma história universal de aceitação, compreensão e amor.

Tio Frank

Nome Original: Uncle Frank
Direção: Alan Ball
Elenco: Paul Bettany, Sophia Lillis, Peter Macdissi, Steve Zahn, Judy Greer
Gênero: Drama
Produtora: Your Face Goes Here Entertainment, Amazon Studios
Distribuidora: Amazon Prime Video
Ano de Lançamento: 2020
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