Titãs – Primeira temporada disponível na Netflix

DC encontra o tom ideal para uma enervante adaptação dos quadrinhos, ao mesmo tempo colorida e brutal. Deixando para trás a primeira impressão duvidosa do material promocional, Titãs consegue encontrar um formato preciso e certeiro que pode agradar em cheio um público mais amplo. Resgata o tom jovem-adulto dos quadrinhos clássicos de George Pérez, mantendo alguns uniformes e cores dos gibis e das animações. Encontra um equilíbrio entre os super-heróis assumidos da CW, com o sério realista dos encapuzados da Netflix. Estabelece assim um novo modelo para séries do gênero.

Titãs usa uma premissa clássica, já apresentada nas animações. Então acompanhamos a série com Ravena ainda descobrindo seus poderes e fugindo de todos (e de seu pai). Seu grande apuro a leva até Dick Grayson, que está recomeçando a vida depois de se desapegar do Batman. Afinal, ele estava a cada dia se tornando mais parecido com o homem-morcego.

Mutano, Ravena, Robin e Estelar são os Titãs
Mutano, Ravena, Robin e Estelar são os Titãs

Netflix mandando bem

Enquanto a trama da menina dá andamentos aos ótimos e bem encadeados 11 episódios, o background de Robin coloca estofo no roteiro. Mostra flashbacks pontuais, que revelam tanto sua construção de herói, quanto sua vida ao lado de Bruce Wayne. Até culminar em sua demissão. Afinal, a luta de Robin é contra ele mesmo, já que quando veste a máscara, torna-se alguém extremamente violento.

Do outro lado, temos ainda uma desmemoriada Estelar, que vai ao longo de toda primeira temporada, juntando peças para compreender qual seu papel nisso tudo. Esse mistério colabora para a sustentação de Titãs até seu desfecho. Mutano, que é apresentado corretamente junto da Patrulha do Destino (a próxima a ganhar uma série pela plataforma da DC), entra como o coração da equipe. Tem uma leveza necessária (e efeitos aceitáveis para uma produção televisiva – de quando se torna tigre, por exemplo), ainda mais no meio de outros três que matam e arrebentam terrivelmente os bandidos.

Ravena e Mutano se divertem no pinball
Ravena e Mutano se divertem no pinball

Titãs

Aliás, não chegue esperando uma adaptação da famosa animação dos Jovens Titãs, que a bem da verdade, foi a responsável por popularizar os personagens entre o grande público. A série realmente extrai mais das HQs de origem e assume um viés adulto. Contém bastante violência e muitos palavrões, mas nada é gratuito aqui. Tudo serve ao enredo, que principalmente se foca em trabalhar cada um de seus heróis e desenvolvê-los tanto fielmente às raízes, como em adaptação necessária para o nosso mundo.

Portanto, Robin naturalmente já funciona assim. Mutano e Estelar não são verde nem laranja (apesar de assumirem essas tonalidades de pele em situações específicas), mas são essencialmente os mesmos personagens que conhecemos. Ravena trás os interessantes elementos creepys, e faz todo sentido que ela seja apresentada como um tipo de “garota possuída” nesse contexto sombrio e realista. Mas colorido, afinal, a série também nos mostra Rapina e Columba, que possuem os uniformes mais ridículos já vistos na telinha (e as subtramas mais carregadas e sensíveis também). Nos remete então ao bom trabalho de Zack Snyder em Watchmen, já que a dupla aqui lembra bastante Coruja e Espectral, tanto em tom, quanto em algumas cenas.

Fique de olho também em outras presenças pontuais, que ganharão maior destaque no futuro, como Donna Troy, Jason Todd e Triggon (sem contar uma esperada figura na cena pós-créditos do 11° episódio, que também remete muito a uma cena semelhante vista no começo de Justiça Jovem).

A série Titãs tem momentos tensos
A série Titãs tem momentos tensos

Considerações finais

O roteiro foi escrito a seis mãos. Geoff Johns (um dos maiores roteiristas contemporâneos da DC), Akiva Goldsman e Greg Berlanti. Sabem muito bem até onde podem incluir referências dos quadrinhos. E também a dose suficiente de mitologia para uma primeira temporada. Sem deixar o público se perder, sendo acessível tanto para fãs dos quadrinhos, quanto para curiosos por uma série de qualidade que, aliás, acerta ainda ao desenvolver os ícones da Liga da Justiça como o que são: lendas de um mundo real, mas que não aparecem. Primeiro porque não precisam (afinal todos já conhecemos), segundo porque essa série não é deles, e sim de seus sideckicks.

O elenco é inspirado e repleto de química. Se possível, também assista dublado, para ser presenteado com muitas vozes reconhecíveis das animações. Influenciado ainda por alguns filmes asiáticos, como The Raid e Oldboy, os diretores bem escalados souberam executar muito bem cenas de ação e sequências de luta bastante brutais, realistas e viscerais. Há pouco espaço para o humor, mas tudo orna na proposta verossímil da produção.

Com uma dramaturgia acima da média, bons efeitos, diálogos ótimos e um roteiro redondo que fornece um verdadeiro tributo enquanto adaptação dos quadrinhos, ao mesmo tempo que uma série autoral, repleta de personalidade, Titãs é um murro na boca dos haters e uma das grandes surpresas do ano. Viciante.

Titãs

Nome Original: Titans
Elenco: Teagan Croft, Brenton Thwaites, Anna Diop, Ryan Potter, Alan Ritchson, Minka Kelly
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Produtora: Berlanti Productions, DC Entertainment, Warner Bros. Television
Disponível: Netflix
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