Tokyo Vice – 1ª temporada
Baseada no livro reportagem “Tóquio Proibida” de Jake Adelstein (lançado por aqui pela Companhia das Letras), a série Tokyo Vice acompanha um jornalista norte-americano que é o primeiro ocidental a conseguir trabalhar em um jornal japonês e ajudar a desfraldar operações da Yakuza no final dos anos 1990.
A produção capitaneada por J. T. Rogers (amigo de infância de Adelstein, aliás) para a HBO Max, porém, não se esforça para agradar os gringos e usa e abusa do idioma japonês com legenda em diversas passagens, transmitindo assim um efeito mais real da situação que o biografado passou em seus anos no Japão, com muito respeito à cultura e aos costumes locais, em uma narrativa policial que não se preocupa com grandes reviravoltas ou momentos marcantes (eles existem, mas não ao “modo Hollywood” de se fazer isso).
Tokyo Vice – 1ª temporada
Com direção e produção-executiva de Michael Mann, conhecido por comandar produções policiais como Miami Vice (2006) e Fogo Contra Fogo (1995), a série é construída com referências de filmes do subgênero neon noir, incluindo Drive, Blade Runner e Veludo Azul. As cenas noturnas nas ruas de Tóquio são um chamativo da produção, tanto quanto o elenco, encabeçado pelo boa-praça e ótimo Ansel Elgort (de Baby Driver), que precisou encarar quatro horas diárias de aulas de japonês, aiquidô e estudos dos trejeitos do jornalista.
Ken Watanabe e Rinko Kikuchi são alguns dos rostos conhecidos, numa mistura de mestre e parceiro, que funciona do começo ao fim (ele no lado policial, ela no lado jornalístico). Shô Kasamatsu, Hideaki Itô, Ayumi Tanida e Shun Sugata entregam performances impressionantes. Gosto do arco proposto para a personagem de Rachel Keller, mas achei a atriz sem sal.
Além da preparação dos atores, todas as filmagens foram realizadas no Japão. O enredo é consistente e se desenrola em várias frentes, usando seus personagens e subtramas para costurar algo maior, que termina com diversas pontas soltas, mas em uma série que deixa um gostinho de quero mais.