Turma da Mônica – Laços, o tão esperado live-action
Assim como o diretor Daniel Rezende, desde pequena eu vinha aguardando o filme da Turma da Mônica. Sempre imaginei como seria ver aquelas crianças de carne e osso. E com muito carinho, finalmente saiu o live-action da turminha, baseado não em uma história do Maurício de Sousa, mas no quadrinho dos irmãos Lu e Vitor Cafaggi, esse sim, inspirado em todo o universo criado por Maurício.
O mote principal da trama é a turma em busca do cãozinho Floquinho. O cachorro do Cebolinha é levado durante a noite pelo “homem do saco”. Então, as crianças, inconformadas com a tristeza do amigo, resolvem sair em busca do peludinho verde. Claro que sem avisar os pais, né?
Turma da Mônica – Laços
Extremamente próximo dos quadrinhos, o filme é um produto que não utiliza dos recursos básicos para mostrar de onde veio. Ou seja, não há viradas de páginas, ou frames congelados e transformados em desenho. O longa consegue nos transportar ao mundo dos gibis graças a maravilhosa direção de arte que conseguiu construir um Bairro do Limoeiro que até eu queria morar; e também do elenco, que está maravilhoso. Queria colocar aqui a imagem de cada um dos atores com seu correspondente do gibi, mas não achei todo mundo.
Além de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, Turma da Mônica – Laços traz participações mais do que especiais. Algumas podem até arrancar lágrimas, como a do próprio Maurício na banca de jornais (uma ótima escolha, inclusive). Mas preparem seus olhos para procurar por Titi, Xaveco, Maria Cascuda, as gêmeas Cremilda e Clotilde e até mesmo Jotalhão, Cranicola, e Horácio. Outro detalhe interessante é a trilha sonora, que utiliza do clássico “Sou a Mônica, sou a Mônica, dentucinha e sabichona” em versão incidental.
Para os mais atentos, podem procurar pela dupla responsável pela HQ Laços, Lu e Vitor Cafaggi; pelo editor da MSP Sidney Gusman, e por Leandro Ramos do Choque de Cultura. Mas o ponto alto do filme é a participação de Rodrigo Santoro como o Louco (Licurgo Orival Umbelino Casfiaspirino de Oliveira). O ator conhecido internacionalmente está tão parecido com o Louco do gibi que mergulhamos de cabeça na sua loucura. E para não sair da tradição, o único que tem o vislumbre de sua presença maluca é Cebolinha, claro.
O que é a loucura, afinal?
“Fiquei muito emocionado com o convite. Lembro que ficava sempre esperando o Louco aparecer no gibi, saindo de dentro de uma torneira ou algo assim, adorava a personagem. Dar vida ao Louco me permitiu explorar esse universo livre, lúdico e cheio de bom humor. A verdade é que pra não enlouquecer no mundo em que vivemos, é necessária a ‘loucura’ da infância”, conta Rodrigo Santoro.
No elenco principal estão Giulia Benite como Mônica, Kevin Vechiatto como Cebolinha, Laura Rauseo como Magali e Gabriel Moreira como Cascão. Entre os adultos estão: Monica Iozzi como a Dona Luísa, Paulo Vilhena como Seu Cebola e Ravel Cabral como Homem do Saco.
O roteiro é muito parecido com a história da HQ Laços. Há algumas poucas mudanças, como a aparição do Louco, exclusiva do filme. No entanto, na arte dos irmãos Cafaggi há uma bela homenagem a Maurício de Sousa. Os quadrinistas mandaram muito bem e Laços merece ser lida. Foi lançada em 2013 e se tornou a graphic novel brasileira mais vendida do país.
Laços
“Quando Lu e eu fomos convidados a fazer uma graphic novel da Turma, uma das primeiras coisas que a gente pensou foi: como seria um filme da Turma da Mônica? Queríamos que a história tivesse um clima parecido com o de alguns filmes que marcaram nossas infâncias como ‘Goonies’ e ‘Conta Comigo’. Queríamos também criar uma história que conversasse com a infância de todo mundo. Não importando se essa infância aconteceu há vinte anos, trinta anos, ou se está acontecendo agora. Por isso, a história tem várias camadas. Algumas dessas camadas conversam mais com esse lado nostálgico dos adultos e outras com as crianças atuais”, conta um dos autores Vitor Cafaggi.
“O mais legal da Turma é essa possibilidade da gente encontrar, na simplicidade da ficção deles, histórias tão multifacetadas e delicadas como as do nosso dia a dia”, complementa a coautora Lu Cafaggi.
Maurício de Sousa duvidava que fosse possível encontrar atores que pudessem transmitir as emoções da Turma, afinal, são 60 anos de produção. Portanto, muita responsabilidade, certo? Mas a equipe toda está de parabéns, no fim das contas o filme ficou maravilhoso. Certamente vai agradar os adultos fãs da turminha e as crianças de hoje, que continuam aprendendo muito com os personagens criados por Maurício.
A aventura com tom de brincadeira e nostalgia estreia nessa quinta, dia 27 de junho, nos cinemas.