Um Amor do Tamanho do Mundo, sobre Robert E. Howard

Um Amor do Tamanho do Mundo é o romance clássico que narra os últimos anos de um dos maiores escritores de fantasia de todos os tempos: Robert E. Howard, o criador de Conan.

Adaptado do livro One Who Walked Alone de Novalyne Price Ellis (que viveu para assistir ao filme, vindo a falecer somente em 99), a história se passa no Texas. Esta é a inspiração do biografado para todo o cenário da Era Hiboriana. Nos anos 30, Novalyne é uma professora que sonha em se tornar escritora. Ela conhece Howard, um homem excêntrico e solitário que escreve contos de aventuras e fantasia (para a clássica Weird Tales, aliás).

Um tipo de relacionamento é iniciado entre os dois. Mas ela é tímida, e ele vive para suas ficções e para sua mãe doente (com quem também tinha uma ligação fortíssima). E são essas idas e vindas que conduzem toda a narrativa, alimentada ainda por divergências sociais e existencialistas de ambos. Além de algumas questões envolvendo escrita e escolhas criativas quanto a personagens.

Aspectos técnicos de Um Amor do Tamanho do Mundo

Ainda que a direção de Dan Ireland seja bem tradicional, ele acerta ao mostrar os momentos de epifania de Howard, em cenas bastante esquisitas. Mas que fazem muito sentido para alguns autores durante o processo criativo (sim, eu me incluo). Como, por exemplo, quando ele começa a descrever Conan num milharal em um discurso poderoso; ou está dando socos enquanto caminha pela cidade (pois estava tendo uma ideia para um conto de boxe); ou quando pega uma espada e corta o mato alto para expressar sua ira diante da situação trágica que acomete sua mãe. O autor também é retratado declamando com voz altíssima enquanto escrevia seu bárbaro na máquina datilográfica.

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É lamentável, por um lado, que o diretor tenha optado por não mostrar a relação dele com H. P. Lovecraft. Ambos trocaram cartas e realizaram brainstormings por muito tempo. O escritor de terror é apenas citado. Mas claro, sendo este longa uma adaptação bastante fiel da professora, toda a história é narrada a maior parte mostrando os eventos pelo ponto de vista dela.

Isso traz uma sensibilidade maior em sua interpretação do estranho homem; a origem da foto com o chapéu (que até hoje é marcante, já que é assim que ele é lembrado pelos seus fãs); e a paixão não só pela figura singular, mas como também pelas tramas que é capaz de criar, ou dos pores do sol que ele “pediu para fazerem para ela”. Nisso, os jovens Vincent D’Onofrio e Renée Zellweger entregam atuações fortes e emotivas. Eles retratam de maneira um tanto quanto fiel as descrições de suas contrapartes reais, principalmente do autor.

Os leitores e fãs de Howard, Conan e tantos outros personagens imbatíveis de sua literatura, sabem como a história dele acaba. Mas não é pelo final interrompido e trágico de sua vida que Um Amor do Tamanho do Mundo se vale, e sim para revelar como o homem chegou até ali. E da única mulher que verdadeiramente amou. Afinal, nenhum escritor sobrevive por muito tempo sem sua musa. Nem o maior de todos.