Um Conto de Natal, Charles Dickens
A primeira vez que tive contato com a história do velho avarento, foi na versão da Disney, “O Conto de Natal do Mickey“, de 1983, que me marcou significativamente na infância e dali para sempre, me fazendo revisitar o clássico desde então (incluindo a versão de Jim Carrey, “Os Fantasmas de Scrooge“, dirigida por Robert Zemeckis em 2009).
Com centenas de adaptações antes e até os dias de hoje (para diversas mídias), Um Conto de Natal é uma leitura deliciosa. Dickens brinca com as palavras (o tradutor Leonardo Alves deve ter suado bem a camisa) e embute energia, bom humor e até uma dose de cinismo em sua narrativa intrinsicamente cristã, que ecoa muito de suas próprias experiências (da perda de pessoas próximas – incluindo um sobrinho aleijado –, à rotina da classe operária, até das condições miseráveis da Londres dicotômica que viveu), fazendo desse realismo mágico uma inteligente crítica, que também serviu para moldar o Natal como o conhecemos desde então.
A edição da Antofágica deve ser um capricho que só (já folheei em livrarias), mas muitos desses extras funcionam na versão digital também, como as belas ilustrações do Guilherme Petreca, e os interessantes textos complementares de Melina Sousa, Ricardo Lisias e André Cáceres. Uma leitura que merece ser refeita todos os anos nesse período do ano (provavelmente acompanhada da animação do Tio Patinhas e Mickey).