Um Crime para Dois, diversão e criatividade
Comédia romântica que faz rir de verdade
A crise chega para todo casal, não importa o quão apaixonados sejam. No entanto, a maioria pode se considerar mais sortuda do que Leilani e Jibran. Eles são os protagonistas do longa Um Crime Para Dois, dirigido por Michael Showalter (diretor com filmes pouco expressivos, mas sem manchas na carreira).
Além de terem que lidar com o que parecem ser diferenças irreconciliáveis e uma separação iminente, os dois de repente precisam mergulhar de cabeça em uma investigação amadora para provar que, embora estivessem na cena do crime e seu carro tenha sido usado como arma, eles não são os assassinos do misterioso homem apelidado de Bicicleta.
Um Crime Para Dois
Com essa premissa simples e um casal protagonista poderoso (já já volto a eles), Showalter realiza aqui um filme extremamente divertido. O longa ganha em escala, considerando a situação atual de quarentena e pavor, sendo repleto de saídas inventivas e criativas, que contribuem a todo momento para o andamento da história. Com uma narrativa ao mesmo tempo dinâmica em suas “sequências de ação mundanas” (só vendo pra entender) e fôlego para seus personagens evidenciarem suas fofuras e um humor extremamente engraçado, com naturalidade e cinismo impagáveis. Ou seja, a trama sabe equilibrar enredo com background, sem perder o senso de entretenimento, provavelmente sendo um material de degustação para todos os públicos.
Por outro lado, não é difícil notar as semelhanças com outra divertida comédia romântica, “Uma Noite Fora de Série”, com Steve Carell e Tina Fey. Um Crime Para Dois parece usar o longa de 2010 como guia para traçar a jornada do casal que supera suas questões durante uma noite de trapalhadas, que também inclui criminosos perigosos e policiais corruptos. O que, de maneira alguma é um demérito da produção. Além dessa, segue incomparável com qualquer outro filme do gênero e consegue injetar gás não somente nesse tipo de comédia (a romântica), como também abre portas para outras obras nessa toada, o que é sempre bem-vindo, entre um blockbuster ali e um cult acolá.
Casal poderoso
A dupla protagonizada por Issa Rae e Kumail Nanjiani acaba sendo o grande trunfo do longa, que no primeiro minuto de rodagem já consegue conquistar o espectador com seu carisma, bom humor e principalmente identificação (a maneira como eles gesticulam e falam é muito reconhecível para a maior parte dos casais contemporâneos em diferentes idades, mas principalmente os na casa dos trinta).
Com uma química invejável em tela, o casal leva o filme nas costas do começo ao fim. Assim, fazem seu público rir ou ficar aflito constantemente num vaivém louco. E mesmo que não faça o menor sentido uma obra dessas ter continuação, eu gostaria de ver mais sobre eles, até mesmo numa série. Não é crime sonhar.