43ª Mostra Internacional de Cinema – Destaques
De 17 a 30 de outubro acontece a 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o principal evento de audiovisual da cidade. A maior e mais importante mostra de cinema do país é responsável por trazer à capital paulista, todo ano, centenas de filmes de todo o mundo.
As salas participantes são: Auditório Ibirapuera, Cinearte, Cinemateca, CineSala, CineSesc, Espaço Itaú Augusta e Frei Caneca, IMS Paulista, Instituto CPFL, Itaú Cultural, MIS, Petra Belas Artes, Reserva Cultural, Sesc Belenzinho, Sesc Campo Limpo, Sesc Osasco, SpCine, SpCine Olido, Vão Livre do MASP e em parceria com o Theatro Municipal, ocorrerão sessões especiais com tapete vermelho e presenças ilustres de elenco e equipe dos filmes selecionados.
43ª Mostra Internacional de Cinema
Portanto, separamos alguns destaques da programação da 43ª Mostra Internacional de Cinema para você, caro leitor do Vitamina Nerd não ficar por fora.
Parasita (Gisaengchung. Comédia, drama, thriller – Coreia do Sul, 132 minutos) 😀 😀 😀 😀
Dirigido por Bong Joon Ho (Okja), que também é corroteirista, o longa foi selecionado pela Coreia do Sul para concorrer a uma indicação na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2020. E foi o grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2019. Na trama, todos os membros de uma família estão desempregados e vivendo na miséria. Até que um dia o filho mais velho arruma um emprego como professor de uma garota rica. Assim, por meio de falcatruas, toda a família consegue se empregar na casa da família rica.
O contato dessas pessoas com a vida de luxo e glamour as leva a fazer o necessário para ascenderem socialmente. As duas famílias nesta história têm coisas em comum, como sua composição de quatro membros, com um filho e uma filha. Mas, em suas vidas cotidianas, ocupam dois extremos completamente diferentes. Dessa forma, existe uma crítica social muito forte na trama, que nos faz pensar sobre a possibilidade de pessoas de diferentes classes sociais conviverem ou não em harmonia. O filme tem partes de comédia, outras assustadoras e tristes, mas mostra as inevitáveis rachaduras que aparecem quando duas classes se enfrentam na sociedade cada vez mais polarizada.
por Veri Luna
Afterlife (Afterlife. Aventura, drama, família – Holanda, 93 minutos) 😀 😀 😀 😀
Desde que sua mãe, Vera (Romana Vrede) morreu, Sam (Sanaa Giwa) se sente responsável por seu pai (Gijs Scholten van Aschat) e seus irmãos, mas tudo que ela mais deseja é rever sua mãe. Um dia, de maneira inesperada, Sam morre e encontra com sua mãe mais uma vez. Agora ela precisa decidir se volta para a Terra ou se fica com a mãe no outro mundo. De maneira irônica e ao mesmo tempo bonita, o diretor Willem Bosch nos apresenta uma jornada além da vida para retratar a complexa relação entre mãe e filha.
por Fernanda Cavalcanti
Cavalos Roubados (Ut og stjæle hester. Drama, Mistério – Noruega, Suécia e Dinamarca, 123 minutos) 😀 😀 😀 😀
Baseado no livro de mesmo título, esse longa metragem é uma poesia em forma de imagens mostrando lindas paisagens nórdicas que te levam rapidamente a essa atmosfera. O enredo trata de um homem mais velho interpretado pelo brilhante ator sueco Stellan Skarsgard – conhecido de quem assistiu a Ninfomaníaca e Mamma Mia! – que resolve se isolar de tudo e de todos numa casa no interior cercada pela neve.
Porém, ele se depara com o vizinho que fez parte de um período de sua infância muito significativo e, assim, o faz entrar em contato com diversas memórias as quais ele narra com uma profundidade absurdamente singela. Talvez alguns possam se incomodar com os diálogos de poucas frases, mas entendo que isso é natural para os europeus, ainda mais de regiões mais frias, o que é uma maneira distinta de nós, latinos, nos comunicar com os outros. A trilha sonora é um dos pontos altos do filme e é essencial pra nos envolver com a história do
protagonista a ponto de sentirmos bastante o que ele descreve durante as cenas.
por Leonardo Carrasco
Sem Túmulo (As I Lay Dying. Drama – Irã, 80 minutos) 😀 😀 😀
No seu primeiro longa-metragem baseado no clássico romance Enquanto Agonizo (1930) de William Faulkner, o diretor Mostafa Sayari conecta situações e eventos da infância e o impacto que eles tem na idade adulta. Um tema clássico, no qual o diretor nos leva a refletir sobre atitudes tomadas por outros que podem interferir nas nossas relações no futuro.
Quatro irmãos se reencontram para cumprir o último desejo do pai, ser enterrado em uma distante e desconhecida aldeia. O filme participou da Seção Competitiva Orizzonti do 75º Festival de Veneza de 2018, traz no elenco os atores Nader Fallah (Sade Ma’bar, 2017), Elham Korda (Melbourne, 2014), Madjid Aghakarimi (Fardaa, 2014) e Vahid Rad (Tamaroz, 2017), e frente ao tema denso e difícil tem um ótimo desempenho.
por Jorge Xavier Franco de Castro
Papicha (Papicha. Drama – França, Algéria, Bélgica, Quatar, 106 minutos) 😀 😀 😀 😀
Uma obra de arte no sentido mais genuíno da palavra. Papicha consegue ser, ao mesmo tempo, um baita manifesto contra a repressão religiosa e machista, e colocar certos contrastes que mexem demais com os sentimentos do espectador. Cenas poéticas e leves criam uma dinâmica forte com outras pesadas e violentas.
A protagonista é a voz que busca ecoar, pedir socorro, no meio de tantos nãos e, apesar de ela demonstrar momentos de fragilidade, nunca recua quando confrontada. Porém, vale ressaltar a naturalidade de todas as personagens que dialogam muito bem entre si, deixando a trama próxima da gente e fazendo valer ainda mais a constante luta para com as represálias do radicalismo islâmico. Seja nas ruas, no ambiente universitário e até dentro de seus lares. A jovem diretora Mounia Meddour começou sua caminhada no cinema internacional de
maneira exemplar e tem tudo pra se tornar um dos grandes nomes nas próximas décadas.
por Leonardo Carrasco
Wasp Network (Wasp Network. Drama, Suspense – França, Espanha, Bélgica, 123 minutos) 😀 😀 😀
1990, Havana. Um piloto cubano rouba um avião e foge de Cuba, deixando para trás sua filha e esposa. Ele começa uma nova vida em Miami. Outros desertores cubanos o seguem e começam uma rede de espiões em solo norte-americano. A missão: infiltrar organizações anticastristas violentas que promovem atentados terroristas na ilha.
Baseado no livro de não-ficção “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, de Fernando Morais, o suspense Wasp Network narra as empreitadas do grupo de espiões que ficou conhecido como Rede Vespa. Entretanto, o longa não nos faz sentir carisma por nenhum dos personagens, gerando desconforto com as suas duas horas de duração. É uma interessante aula de política, inclusive com imagens de arquivo.
por Veri Luna
A Fera e a Festa (Holy Beasts. Drama – República Dominicana, Argentina, México, 90 minutos) 😀 😀 😀
Esse longa-metragem mostra a renomada atriz Vera indo à República Dominicana para dirigir um musical que será sua última produção para o cinema. Ela usará o roteiro do seu falecido amigo Jean-Louis Jorge como referência para tal empreitada.
No país, reencontra seus velhos parceiros Victor e Martin que farão o filme com ela, porém com vários conflitos que dificultam as filmagens e, posteriormente, mortes inesperadas que deixam uma grande interrogação no espectador e só serão explicadas no final dessa ficção estranha e divertida.
por Leonardo Carrasco
E Em Cada Lentilha Um Deus (Y En Cada Lenteja Un Dios. Documentário – Espanha, 95 minutos) 😀 😀 😀 😀
Com direção do diretor espanhol Miguel Ángel Jiménez Colmenar, esse filme apresenta um roteirista que resolve contar a história do restaurante L’Escaleta, pertencente a sua família, cujo qual é considerado um dos melhores de toda a península ibérica.
Entretanto, ao chegar a sua cidade natal, Concentania, ele se depara com diversas lembranças de sua infância que o fazem refletir sobre várias questões da vida, inclusive sua paternidade, a comparando com a relação que teve com seu pai. Dessa forma, há diálogos inspiradores que vão em cheio no âmago da nossa existência. Fora as boas analogias que eles fazem com pratos de comida.
por Leonardo Carrasco
O Paraíso Deve Ser Aqui (It must be heaven. Comédia – França, Catar, Alemanha, Canadá, Palestina, Turquia, 97 minutos) 😀
A co-produção Canadá-França-Alemanha-Catar-Turquia-Palestina, do diretor Elia Suleiman mostra um homem (o diretor Elia Suleiman) que é muito bom em ver coisas. Ele vê de tudo. Assim, temos a câmera estática, na maior parte do tempo, os diálogos bem focados, o direcionamento da fala, tudo em primeira pessoa. Dessa forma, o público vê o que Elia vê, até mesmo porque ele também é o diretor e decidiu mostrar isso.
Críticos vão destacar a fotografia (que é realmente bem legal), achar conexões profundas dentro do que o cara vê, relacionar com Israel, Palestina e, sei lá, a falta de contemplatividade nos tempos modernos. O público em geral vai destacar que o cara realmente é excelente em assistir o mundo, péssimo em lembrar suas próprias falas e terminar a sessão de cinema pensando “o que diabos eu acabei de ver?”.
por Paulo Velho
Outubro (Outubro. Documentário – Brasil, 80 minutos) 😀 😀 😀
O documentário retrata os sete dias que antecederam as eleições presidenciais brasileiras de 2018. Maria Ribeiro, atriz, jornalista e diretora do filme – em conjunto com Loiro Cunha – apresenta sua visão a respeito dessa semana marcante na história do país, num documentário bastante artesanal, narrado em primeira pessoa e construído como se fosse um diário. Maria cria então uma analogia entre casamentos e separações com o que aquele momento representava para ela. Sua intenção era criar um documentário sem roteiro e sem entrevistas agendadas, além de registrar ao máximo os eventos ocorridos nesse período.
Assim, ela registra a polarização que invadiu o território nacional bruscamente, mostrando manifestações, passeatas e movimentos organizados no período pré-eleição. Além disso, realiza entrevistas com diversas personalidades com as quais teve oportunidade de se encontrar no período de gravações, tais como Manuela D’ávila, Marcelo Freixo e Xico Sá. De maneira intimista, o documentário demonstra a aflição, dor e angústia vividos por sua idealizadora naquele momento.
Exibição ao ar livre no Ibirapuera com orquestra
O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene, é o filme que será exibido na tradicional sessão que ocorre na parte externa do Auditório Ibirapuera, no dia 2 de novembro, já depois que a mostra acabou. O filme terá trilha sonora executada ao vivo pela Orquestra Jazz Sinfônica Brasil. Além disso, o longa representante do movimento expressionista alemão completa 100 anos!
Vão-livre do MASP
O espaço favorito de muitos paulistanos também tem sua programação especial. No dia 24 de outubro será exibido o clássico O Mágico de Oz em homenagem ao crítico falecido esse ano, Rubens Ewald Filho. Além disso, todos poderão conferir o documentário SLAM: Voz de Levante, que tem crítica positiva da Veri Luna aqui. Para finalizar a programação do MASP, a Mostra exibe curtas de Georges Méliès no domingo, dia 27/10, em comemoração ao Dia do Patrimônio Audiovisual.
O aplicativo da 43ª Mostra Internacional de Cinema traz toda a programação do evento e notícias em tempo real. Além disso, o programa também permite a compra de credenciais digitais, agenda de programação de títulos escolhidos, reserva de ingressos para credenciados e compra de ingressos individuais. Os ingressos também são vendidos na Central da Mostra, que fica no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2073. Os preços variam de 10 a 24 reais. Então não fique fora dessa, acesse o site oficial para conferir a programação completa da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.