Malévola: Dona do Mal, novo filme da Disney
Cinco anos se passaram desde que Aurora (Elle Fanning) foi acordada com um beijo por Malévola (Angelina Jolie) e o príncipe Phillip (Harris Dickinson) finalmente a pede em casamento.
Quando Aurora conta a novidade a sua madrinha, ela não fica nada feliz, mas parece disposta a conhecer a família do noivo. No entanto, durante um jantar de apresentação, tudo sai errado e Ingrith (Michelle Pfeiffer), mãe de Phillip, acaba com raiva, enquanto John (Robert Lindsay), o pai de Phillip acaba amaldiçoado.
Agora Malévola está disposta a tudo para se vingar da família de Phillip e recuperar a confiança de Aurora. Malévola: Dona do Mal é a continuação de Malévola (2014).
Malévola e a representação feminina
É natural que um filme que leva o nome de uma mulher e que se predispõe a contar a sua história tenha bastante representação feminina. Inclusive, essa já era uma ideia presente no primeiro filme. Malévola: Dona do Mal parece dar um salto a mais.
Acompanhamos não só a própria Malévola, que sempre foi uma personagem forte, mas também Aurora, agora mais velha e mais independente. Ela comanda o reino de Moors sozinha e se sai muito bem nessa tarefa.
Além disso, Ingrith, a rainha, que é mãe de Phillip, também é uma representação importante na ala feminina, uma vez que embora pareça uma mulher dócil e que sempre acata as ordens do marido, consegue fazer tudo o que deseja por baixo dos panos.
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É importante também ressaltar que essas são mulheres fortes, mas que ainda são representadas com delicadeza e que demonstram suas fraquezas. Aurora, por exemplo, não usa armadura em nenhum momento do filme. Ela se mantém usando seus vestidos de princesa e seus penteados cheios de flores, mesmo quando está lutando, quebrando a ideia de que uma mulher forte é necessariamente uma mulher masculinizada.
O filme também se preocupa em mostrar personagens masculinos que não tem medo de demonstrar seus sentimentos ou suas fraquezas, mesmo que eles representem figuras que estão tradicionalmente ligadas a masculinidade. Phillip, por exemplo, não tem medo de demonstrar seu amor por Aurora e parece até mais entusiasmado que ela com o casamento. Já seu pai, John, parece muito mais sensível que a esposa.
Independentemente disso, Malévola: Dona do Mal é um filme majoritariamente feminino, em que os personagens masculinos apenas circulam ao redor de diversas mulheres fortes.
A guerra dos povos
Embora a trama central se foque no casamento de Aurora e Phillip e mais a fundo, na relação de Aurora e Malévola, existe uma subtrama no filme: a guerra entre as espécies. Aurora é rainha de Moors, onde vivem as criaturas da floresta e Phillip é o príncipe dos humanos. O casamento dos dois agrada o rei, que deseja unir os dois povos e acabar de vez com as guerras, mas não agrada a rainha, que deseja reinar apenas para os humanos.
A coisa se complica ainda mais quando Malévola encontra uma terra onde vivem pessoas como ela, com asas e chifres, que estão cansados de se esconder e querem viver no reino dos humanos. O conceito por trás dessa trama é, sem dúvida, interessante e pode até fazer um paralelo com o mundo atual, mas no filme tudo parece meio perdido, como se os roteiristas precisassem de uma desculpa maior para fazer o filme além do casamento de Aurora e Phillip.
Dessa maneira, a guerra acontece um pouco antes do horário que o casamento está previsto e de maneira meio bagunçada, sem muitas explicações ou muitos enfrentamentos. Toda essa trama de intolerância que deveria ser mais bem explorada soa bem menos importante do que a relação de Aurora e do príncipe.
Aspectos técnicos de Malévola: Dona do Mal
É óbvio que esta é uma grande produção e isso fica claro desde o começo. Acompanhamos paisagens maravilhosas dignas de um conto de fadas, e criaturas fantásticas extremamente realistas. Isso automaticamente implica uma fotografia maravilhosa e figurinos e penteados divinos. Não existe nenhum defeito técnico aparente em Malévola: Dona do Mal.
Por outro lado, o roteiro deixa muito a desejar. O filme não é de maneira nenhuma fiel ao conto de fadas original de A Bela Adormecida e nem ao filme da Disney, de 1959, o que por si só, não é um problema. O conto de fadas original jamais poderia ser exibido em uma sessão de filme infantil. E o primeiro filme já não era muito fiel ao desenho mesmo.
Portanto, assim como seu antecessor, o filme se estabelece em outro universo, mas não se segura muito bem. O longa aposta boa parte das suas fichas no casamento de Aurora e Phillip deixando em segundo plano tramas mais importantes e mais relevantes, como a guerra entre os povos, o reinado de Aurora e a intolerância de Ingrith. Tudo bem que o filme é voltado para o público infantil, mas ele de fato seria mais interessante se tivesse uma trama um pouco mais trabalhada e, consequentemente, mais robusta.
As atuações
O filme ainda tem boas atuações, que se seguram, como Angelina Jolie, que funciona muito bem no papel e Elle Fanning, que parece feita para dar vida a Aurora. Harris Dickinson também se destaca, interpretando um príncipe que vai além da ideia que fazemos dos príncipes encantados, mas também apresenta atuações um tanto caricatas, como a de Michelle Pfeiffer, que parece concentrada em fazer só o básico.
Malévola: Dona do Mal tem bons momentos, bons efeitos e paisagens lindas, e certamente vai entreter boa parte do público infantil, mas apresenta um roteiro fraco que não justifica a necessidade do filme.