O Último Amor de Casanova, uma perspectiva diferente
O Último Amor de Casanova é inspirado no livro Minha Vida, do próprio Giacomo Casanova.
Casanova (Vincent Lindon) chega a Londres depois de um tempo exilado e conhece Marianne de Charpillon (Stacy Martin), por quem se apaixona perdidamente. Ele aceita ficar noivo de Marianne e renunciar a todas as outras mulheres por ela.
Casanova é um personagem tão famoso na cultura popular que seu nome virou até sinônimo para se referir a um homem sedutor e que faz sucesso entre as mulheres. Ele também já esteve nas telas de cinema diversas vezes, em grande parte dessas aparições interpretado por jovens galãs, como Donald Sutherland em Casanova de Fellini, Tony Curtis em Casanova & Companhia, Alain Delon em O Retorno de Casanova e Heath Ledger em Casanova.
O Último Amor de Casanova – Uma perspectiva diferente
Este filme, no entanto, parece querer seguir outro estigma. Primeiro porque o Casanova retratado já é um pouco mais velho, segundo porque ele não é interpretado por um galã. A mudança mais significativa do personagem é a maneira com que ele age. Se antes Casanova foi sempre representado como um sedutor, porque tem todas as mulheres caindo de amor, aqui ele aparece como um homem mais sensível, que tem suas restrições.
Embora a plateia assista algumas cenas de Casanova seduzindo algumas mulheres, o papel se inverte completamente quando se trata de Marianne. Casanova se vê tão completamente apaixonado pela mulher, que não consegue usar nenhuma das suas tão famosas habilidades e acaba na mão de Marianne. Esse é outro ponto interessante de O Último Amor de Casanova, afinal, os papeis são invertidos.
Se na cultura popular Casanova é o maior sedutor de todos, capaz de fazer mulheres se apaixonarem e que não se apega a ninguém, aqui acontece exatamente o contrário. Casanova se apaixona perdidamente e Marianne, que é responsável pela sedução, consegue jogar com ele, até o ponto de comandá-lo a fazer tudo que ela deseja. Levando em conta que o filme é inspirado no livro escrito pelo próprio Casanova é possível especular que talvez essa versão seja um pouco mais realista que os outros retratos do famoso sedutor, que sempre pareceram um pouco exagerados.
Frustração
O filme também é muito feliz quando tenta colocar a plateia na mesma situação que o seu protagonista. Acompanhamos Casanova conhecer e se apaixonar por Marianne, assim como acompanhamos os preâmbulos para que eles se encontrem e para que ele possa fazer a corte a mulher. Marianne aceita quase prontamente que Casanova a corteje, mas quando o homem acredita que vai conseguir tudo o que quer, Marianne não cede e esse é o exatamente o poder que ela tem sobre Casanova.
Fica claro que Casanova está mesmo apaixonado por Marianne e é por isso que ele aceita tudo que ela lhe faz e propõe. A frustração de Casanova por não conseguir consumar seu amor com Marianne, como ele, na teoria, consegue com todas as mulheres que deseja, passa para o público.
Ficamos o tempo inteiro na expectativa de que algo aconteça e da mesma maneira que Marianne seduz e enrola Casanova o máximo de tempo possível, ela também o faz com a plateia. A sensação que se tem durante o filme é de frustração, não porque o filme é horrível ou porque não entrega o que promete, mas porque nos coloca dentro do corpo de seu protagonista.
Aspectos técnicos de O Último Amor de Casanova
Como um filme de época, é natural que aposte em uma boa produção. Os figurinos, assim como os penteados (e no caso dos homens, as perucas) e as maquiagens estão muito dentro do tema e da época em que a história se passa. Tudo isso é uma ótima forma de colocar o espectador ainda mais dentro da história. O filme também se apoia em boas atuações, especialmente a de Stacy Martin, que parece incorporar o papel de Marianne.
Quando se fala em Casanova, automaticamente pensa-se em um filme que seja repleto de cenas de sexo, ou pelo menos de alusão a isso. Entretanto, não é este o caso. Mesmo que fale sobre sexo e que tenha uma alta carga de sedução, existem poucas cenas de sexo de fato. Talvez porque sexo não seja o assunto principal do filme.
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A produção acerta em alguns aspectos, como a ideia de colocar a plateia no corpo de Casanova e em mostrá-lo completamente diferente do que se conhece e que talvez, seja mais realista, mas ele é um pouco parado. O longa demora a engrenar. Assim, passamos muito tempo assistindo Casanova observar Marianne e o romance dos dois só engata mesmo na metade do filme. Isso pode aumentar a sensação de frustração, que na segunda metade é usada com perfeição. No começo do filme, por sua vez, a sensação é de que nada acontece.
O Último Amor de Casanova apresenta uma perspectiva fresca e nada clichê sobre um personagem que já faz parte do cânone popular, mas a demora para mostrar algo que seja relevante dentro da trama, estraga um pouco o longa. Em cartaz no dia 26 de dezembro.