Frankie, o banal que traz a reflexão
O diretor e co-roterista Ira Sachs (Deixe a Luz Acesa – 2012 e O Amor é Estranho – 2014) apostou em um elenco estrelado para contar uma história familiar. Assim, o centro desta família é Frankie, uma renomada atriz francesa, que tem muito pouco tempo de vida e resolve reunir todos em Sintra, Portugal.
Isabelle Huppert (Obsessão – 2018 e A Professora de Piano – 2001) é o fio condutor de toda trama, com atuação segura. O elenco ainda conta com os experientes Brendan Glesson (Hampstead – 2017 e Calvário – 2014), Marisa Tomei (Amor à Toda Prova – 2011 e Coração Indomável – 1993), Jérémie Renier (O Amante Duplo – 2017 e Le Pornographe – 2001), Greg Kinnear (Pequena Miss Sunshine – 2006 e Melhor é Impossível – 1997), Pascal Greggory (Piaf – 2007 e Pauline na Praia – 1983), e Vinette Robinson (Sherlock – 2010 e A Tenda Vermelha – 2014).
Frankie retratando Eça de Queiroz
A fotografia do português Rui Poças nos remete a “Sintra” que Eça de Queiroz traduz em suas letras. Ou seja, traz locações que revelam a pequena vila, seus habitantes e a exuberante natureza da região, com suas florestas. Rui como diretor de fotografia tem em seu currículo Zama (2017), Deserto (2017) e Pontes de Sarajevo (2014).
Frankie vê sua trajetória interceptada por um câncer. Resolve então reunir a família e encaminhar questões familiares e sentimentais. Na tranquilidade de Sintra, junta seu marido Jimmy (Brendan Gleeson) e sua filha Sylvia (Vinette Robinson), seu primeiro marido Michel (Pascal Greggory), Paul (Jérémie Reiner) filho do primeiro casamento e sua amiga Ilene (Marisa Tomei). Assim, todos em meio a reflexões e diversos interesses pouco a pouco se dão conta da gravidade da doença de Frankie.
Relações complexas em vidas entrelaçadas
A diversidade de personagens que envolvem a vida de Frankie é uma pequena amostra das relações contemporâneas, pois basta perceber as nacionalidades envolvidas neste filme, onde temos diálogos em francês, inglês e português.
Um mundo cada vez mais misturado, sem fronteiras físicas e avesso a preconceitos e isolamentos culturais.
Frankie vê seu cotidiano e sua vida desabar e percebe a necessidade de unir a família. Através de diálogos densos o diretor apresenta relações mal resolvidas frente a fatos irreversíveis, assim como a morte e o tempo.
Frankie entra em cartaz hoje, dia 20 de fevereiro.
Por Jorge Xavier Franco de Castro