Lobos – Tosqueira, tripas e boas intenções

Sem delongas nem apresentações, o diretor novato de Lobos, David Hayter (mais conhecido por ser a voz de Solid Snake nos jogos “Metal Gear Solid” e de ter co-roteirizado “X-Men” e “X2”), nos joga para a conturbada vida de classe média do jovem Cayden, que sofre com pesadelos (?), bullying enquanto principal jogador de futebol americano de seu colégio (!), até quase matar uma garota durante o sexo, quando libera suas garras (!?). Dessa maneira e com uma tragédia a tiracolo, o roteiro nos diz que isso se trata de uma história de lobisomens.

O primeiro e o segundo ato são um tanto problemáticos, sofrem com ritmo, estrutura e diálogos toscos, personagens clichês e situações óbvias. Mas depois que somos brindados com um ato final inspirado e dinâmico, compreendemos que toda essa tosqueira faz parte do charme da obra, que não tem grandes pretensões e faz bom uso de seus recursos, como boas tomadas, uma curiosa reviravolta e algumas sequências de ação inspiradas, compensando todo seu início esquizofrênico (sempre em tempo, né?).

Lobos

Lucas Till nunca foi um bom ator, mas sua canastrice e expressões paralisadas (já vistas no ótimo “Primeira Classe” e no decente “Monster Trucks”) parecem combinar com esse tipo de longa, quase assumidamente brega. Jason Momoa, ainda longe de ser um astro, representa o vilão (com laços paternais interessantes, que evocam as relações dos Talbot em versões de “O Lobisomem”).

E enquanto Merritt Patterson é só mais um rostinho bonito, é Stephen McHattie quem dá a cara dos anos 80 que essa produção tanto se assemelha, da estética à narrativa, tudo parece ter saído daquela década e, portanto, conferindo o charme necessário para o filme.

No mais, é claro, espere por sangue, tripas e sexo selvagem. Sem esses elementos, Lobos não poderia ser classificado como um autêntico “longa de lobisomens”. E é.