A Gangue da Margem Esquerda, de Jason
Meu primeiro Jason foi com “A Gangue da Margem Esquerda“, onde de maneira simples e brilhante, ele coloca escritores clássicos da dita “geração perdida” figurados como quadrinistas. Além disso, estão em formas animais, vivendo os dilemas típicos dessa carreira tão ingrata. Certamente capaz de arrastar um riso nervoso em qualquer profissional da área.
Mas, também vai fisgar a galera da literatura, que pescará na HQ referências sagazes a Ernest Hemingway, James Joyce, Ezra Pound, Zelda e F. Scott Fitzgerald (mas onde foi parar Gertrude Stein?), ilustres contemporâneos no início dos anos 1920 em Paris, onde Jason parece realizar uma paródia e versão alternativa de “Paris é Uma Festa“, repleta de cinismo.
Todas as características dos “biografados” estão ali, da infidelidade de Zelda ao surgimento do alcoolismo de Scott, da melancolia que assina Ernest desde sempre (e que serve de gatilho para o assalto na trama), até mesmo em representações gráficas (Joyce está idêntico em sua versão pássaro, no traço sempre eficiente de Jason), com outros pequenos símbolos que podem ser identificados no decorrer dessa rápida e prazerosa leitura.
Um acerto enorme da Editora MINO, principalmente na escolha da capa cartonada, o que torna essa brisa ainda mais acessível e fácil de manusear.
Sinopse: Os batalhadores quadrinistas Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Ezra Pound e James Joyce passam seus dias obstinadamente arte-finalizando quadro após quadro em suas grandes pranchetas brancas; e suas noites e madrugadas perambulando pelos cafés, onde discutem sobre a vida, o amor, os quadrinhos e como satisfazer uma mulher. Mas a vida é dura na Paris dos anos 1920. E então, um dia, Hemingway faz uma proposta…