A Música do Silêncio – Uma cinebiografia não oficial
A Música do Silêncio é inspirado no livro de mesmo nome, escrito por Andrea Bocelli, que por sua vez, é inspirado nas suas próprias memórias.
Na trama, Amos Bardi (Toby Sebastian) nasce com uma condição nos olhos que, eventualmente, o leva a cegueira. Isso não o impede, no entanto, que ele ambicione se tornar um grande cantor.
O filme, então, acompanha a vida de Amos, enquanto ele busca realizar seus sonhos.
A trama de A Música do Silêncio
Quando se diz que o filme acompanha a vida de Amos Bardi, é de maneira literal. Ele começa quando o protagonista nasce e os pais descobrem sua condição nos olhos, e acompanha sua infância, depois a adolescência e a vida adulta.
Os períodos de sua vida são misturados com momentos da carreira e das dificuldades que surgem daí, embora ele sempre tenha apoio dos pais. Por um lado, essa ideia faz com que o filme se torne muito completo, uma vez que acompanhamos cada momento da vida de Amos, por outro lado, A Música do Silêncio, com o tempo, se torna bem cansativo.
A vida de ninguém é interessante o tempo todo, e a de Amos não é diferente. O telespectador não precisa saber de cada detalhe dessa vida para entender a mensagem que o filme quer passar. Talvez isso aconteça no livro que inspirou o filme, mas é completamente diferente ler um livro com bastante informação e assistir a um filme com tanta informação e com tantos detalhes. Além disso, por causa dessa escolha, A Música do Silêncio soa quase como um novelão, que dá muita atenção a aspectos não tão interessantes.
Biografia
O filme é inspirado em um livro escrito pelo tenor Andrea Bocelli e, embora tenha personagens com outros nomes, a história é inspirada na sua própria vida. Bocelli, assim como Amos, também é cantor, teve a infância parecida com a de seu protagonista e também sofre de uma condição que o deixou cego.
Nesse aspecto, o filme é bem interessante, porque funciona mais ou menos como uma cinebiografia de Bocelli, e é uma ótima escolha para quem é fã do cantor. A Música do Silêncio intercala a vida pessoal de Amos com a sua carreira, mas o que recebe mais enfoque é justamente a vida pessoal, o que pode ser interessante para quem é muito fã, mas deixa de lado aspectos importantes que deveriam ter mais destaque.
Aspectos técnicos de A Música do Silêncio
Embora esta seja uma produção relativamente grande, ela também é simples. Existe um cuidado óbvio no filme em transmitir todas as épocas que são retratadas, uma vez que o longa acompanha a vida toda do protagonista. Dessa forma, os figurinos e cenários mudam com o tempo, o que ajuda a colocar o público dentro daquela história. O elenco também muda, afinal, começamos a acompanhar Amos quando ele é criança e terminamos quando ele já é um homem adulto.
A ideia do longa é muito boa, e a sinopse pode agradar os fãs de Andrea Bocelli e quem não conhece tanto da carreira dele. O grande problema é que o filme tem uma linguagem muito próxima da literatura e mostra cada detalhe da vida de Amos. Isso não seria necessário e torna o filme cansativo. Certamente, saber questões da vida do protagonista é importante, mas seria interessante se o roteiro tivesse dado uma enxugada no romance.
Em função disso, A Música do Silêncio, que explora uma história pouco comum e com grande potencial para ser um ótimo filme, fica com um ar de novelão. O protagonista nasce, cresce, se apaixona pela música, mais tarde começa a namorar, se casa, tem filhos e assim por diante.
As músicas
Não temos aqui um musical clássico, isso porque as cenas com músicas se dão unicamente no palco. É um musical porque retrata a vida de um cantor, mais ou menos como acontece com filmes como Johnny & June e Bohemian Rhapsody.
Por isso, o filme pode agradar quem não gosta de musicais mais clássicos e não suporta cenas musicais que empurram a trama do filme para frente. Como conta a história de um músico, mesmo que ficcional, ele pode agradar quem gosta de música e se interessa pelo assunto.
A Música do Silêncio funciona como uma cinebiografia de Andrea Bocelli, embora use personagens ficcionais para isso e pode ser uma boa escolha para os fãs do tenor, mesmo que ele peque em muitos aspectos.
O filme tem uma boa sinopse e apresenta uma história inovadora, mas se perde no seu próprio drama e acaba se tornando chato e cansativo.