Emma. Bonita, inteligente e rica. E levemente adorável.

Publicada originalmente em 1815, Emma é uma sátira aos costumes vigentes na Inglaterra da época e, como vários outros livros de Jane Austen, envolve os diversos problemas de gênero, idade e status social de seu tempo, colocando uma mocinha bastante abelhuda que não pretende se casar, mas adora dizer o que os outros precisam fazer com suas próprias vidas. Entre as adaptações mais famosas da obra para o cinema estão ”As Patricinhas de Beverly Hills” e ”Emma”, lançados em 1995 e 1996 respectivamente, que eu não vi – tampouco li o original –, portanto não farei comparações.

Autumm de Wilde estreia na direção com uma condução segura, sabendo carregar o enredo de uma leveza agradabilíssima, ao mesmo tempo mordaz e com o típico humor inglês, ora cínico ora ingênuo, que seu elenco abraça com naturalidade, em atuações divertidíssimas, quase caricatas, vide o desempenho neurótico do grande Bill Nighy, ou da falastrona Miranda Hart.

Claro que Johnny Flynn, Mia Goth, Josh O’Connor e Callum Turner são ótimas representações das figuras do período, mas Emma é mais uma produção para destacar o talento inegável de Anya Taylor-Joy, certamente uma das melhores atrizes de sua geração. Wilde foca muito de sua lente em closes fechados no rosto marcante e expressivo da atriz, que consegue reagir com pequenos gestos a qualquer situação, o que contribui bastante para parte dos atributos do longa. É sempre adorável ver Taylor-Joy em ação.

Emma
Anya Taylor-Joy é Emma

Emma.

Aplausos também podem ser direcionados a deliciosa e atrevida trilha sonora, e da encantadora fotografia, que embala o filme em cenários belíssimos em um retrato fiel da época, incluindo aí os suntuosos figurinos e da detalhada cenografia.

O roteiro consegue fazer o espectador gostar de uma protagonista intragável justamente ao evidenciar seus defeitos e depois estabelecer um arco de aprendizado para a mocinha (ainda que suas resoluções sejam tão sutis, que mal as percebemos), em uma estrutura de novela que vai atingir especificamente um público de nicho, fiel consumidor a esse tipo de narrativa, que pode sobreviver mais facilmente a inúmeros e intermináveis diálogos e transições que pouco se definem.

Decisões, é claro, justificadas na trama e dentro das ironias propostas para os costumes da época, mas que ainda não chegam a brilhar quando transpostos para uma sessão cinematográfica. Emma, assim, encerra o tumultuado ano de 2020 com um cadinho de intriga ali, um bocado de calmaria aqui e um certo otimismo para o futuro.

Emma.

Nome Original: Emma
Direção: Autumn de Wilde
Elenco: Anya Taylor-Joy, Johnny Flynn, Mia Goth, Bill Nighy
Gênero: Comédia, Drama, Romance
Produtora: Working Title Films
Distribuidora: Universal Pictures
Ano de Lançamento: 2020
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