Lupin – Uma reinvenção divertida e carismática…
... de um virtuoso clássico da literatura
A primeira parte dessa série com 5 episódios é inspirada no livro “Arsène Lupin: o Ladrão de Casaca”, escrito por Maurice Leblanc e publicado como uma coletânea de histórias do gatuno cavalheiro em 1907. O personagem é um mestre dos disfarces e das artes marciais, além de ser refinado, sedutor e audacioso.
Lupin é uma espécie de Robin Hood francês que zomba das convenções estabelecidas, ridiculariza a burguesia e ajuda os mais fracos. O anti-herói também é uma resposta à Sherlock Holmes, tanto que chega a enfrentar um grande detetive chamado Herlock Sholmes. Ao longo das décadas, o livro foi adaptado para filmes, séries, quadrinhos, mangás e até animes, como “O Castelo de Cagliostro“, do Studio Ghibli.
Lupin
A série criada por George Kay ressiginifca o ladrão de casaca para os dias de hoje, colocando o carismático, ótimo e grandalhão Omar Sy (do sucesso francês “Intocáveis“, de 2011), interpretando Assane Diop, que usa Arsène Lupin (também seu personagem predileto da vida) como inspiração em um plano para se vingar de uma injustiça cometida contra seu pai no passado e que mudou sua vida para sempre.
Dessa maneira, e mesmo com uma narrativa principal conduzindo tudo, cada episódio presta uma homenagem a algum feito do icônico ladino, replicado por Diop, em uma narrativa não-linear, que sempre vai e vem do passado ao presente, enquanto fundamenta o background do protagonista e mostra suas divertidas e curiosas ações no presente.
Como qualquer bom ladrão da cultura pop, o novo Lupin sempre está um passo a frente de seus adversários, consegue manter o respeito e o bom senso por todos, equilibra a vida bandida com o filho e ainda sustenta uma esperança pela ex. Toda essa mistura funciona do começo ao fim, de maneira agradável, engajante e de um escapismo deliciosa, que por mais previsível que seja aqui e ali, ainda cumpre tudo o que promete, com um belo sorriso no rosto. E queremos mais.
E a segunda temporada?
Depois de uma primeira temporada divertidíssima e arrebatadora, essa segunda começa um pouco estranha e tropeçante, com dois episódios iniciais bem aquém do que tinha sido apresentado até então (toda a estratégia de Leonard na casa abandonada não faz o menor sentido e tem tantos furos, que beira ao inacreditável), mas logo o carisma forte de Omar Sy recupera o fôlego e a narrativa retoma sua agilidade e suas boas sacadas, principalmente quando o protagonista vira alvo de uma caçada pelas ruas de Paris. Entretenimento acima da média, que já ganhou o coração de muitos e certamente merece continuar por anos a fio.