Destruição Final: O Último Refúgio
Entretenimento de primeira, entrega tudo o que promete, do começo ao fim
Saindo da sombra de Roland Emmerich, o diretor de longas de ação menos conhecidos, Ric Roman Waugh, vem se especializando em Gerard Butler desde “Invasão ao Serviço Secreto” de 2019 e constrói aqui um filme-catástrofe diferente do que já vimos incansavelmente em “O Dia Depois de Amanhã” (2004) e “2012” (2009), colocando os efeitos na sociedade como foco central de sua narrativa, ao invés dos efeitos apocalípticos esperados nesse tipo de produção.
Nessa história, uma família luta para sobreviver enquanto um cometa segue em direção à Terra. John Garrity (Butler), sua esposa Allison (a sempre ótima Morena Baccarin) e seu jovem filho Nathan (Roger Dale Floyd) fazem uma perigosa jornada à procura de um local seguro para se estabelecerem. Nessa jornada, eles enfrentarão o pior da humanidade em um momento de crescimento do pânico, desbravando um cenário onde a lei não existe mais.
Enquanto destroços caem por todo o planeta, o diretor faz com que o público acompanhe os desastres de maneira gradual e fragmentada, geralmente através do noticiário, enquanto volta suas atenções para o comportamento humano diante do caos e da tragédia inevitável. Por isso, de um lado temos um grupo de oração, do outro vemos jovens comemorando e levantando taças em prol do fim do mundo.
Destruição Final: O Último Refúgio
No miolo disso tudo, é estruturado o núcleo familiar entre o paizão, sua bela esposa e o filho diabético (é claro), que são alguns dos selecionados pelo governo a se refugiarem em um bunker, mas não por serem ricos e sim porque um deles tem um cargo que pode ser relevante para a reconstrução da humanidade. Dessa maneira, e colocando o conflito entre selecionados e não selecionados, que Waugh vai criando uma variedade de atritos e conflitos, enquanto desperta o pior que existe nas pessoas, que ou partem para a bandidagem (invadindo farmácias e supermercados) ou para sequestros e assassinatos em meio ao desespero pela sobrevivência.
É claro que o filme não se isenta de diversos clichês do gênero, como quando o roteirismo salva justamente a caminhonete dos protagonistas de serem atingidos por detritos, enquanto todo o resto arde; ou de quando os personagens chegam a salvo minutos antes da catástrofe final, entre outros elementos reconhecíveis.
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Por outro lado, o diretor também sabe trazer muita naturalidade aos pequenos eventos, como comportamentos entre pessoas, diálogos e vários momentos que evidenciam também o melhor da humanidade, com vários gestos de empatia. Mas não faz isso de maneira cafona como Emmerich certamente teria feito e sim de um jeito crível e identificável, ainda mais por quem já passou por situações de aglomerações e pânico em público.
E mesmo que os efeitos do Armagedom sejam vistosos e impressionantes, são os pequenos takes que fisgam o espectador, na realização do simples do drama humano, com várias figuras provando o pior e o melhor em camadas distintas, que embalam o longa em muitas fortes emoções, o elevando para muito além de mais um mero filme-catástrofe.