Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra
A melhor aventura dos sete mares!
Confesso: eu já curtia os trabalhos de Gore Verbinski desde o divertido “Um Ratinho Encrenqueiro“, passando pelo estiloso “A Mexicana“, até o perturbador “O Chamado“, que provavelmente foi a razão do produtor Jerry Bruckheimer tê-lo convidado a dirigir esse projeto Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra, inspirado num brinquedo da Disney, que já tinha versões anteriores do roteiro desde os anos 1990.
Mas, de fato, foi a entrada de Bruckheimer que mudou o jogo, já que foi ele o responsável por pedir a inclusão de elementos sobrenaturais no enredo, para que não fosse apenas “mais uma história de piratas”. E ainda bem que não colocaram Matthew McConaughey como o protagonista (ele se parecia com Burt Lancaster, que havia inspirado a interpretação do roteiro do personagem originalmente), porque é inimaginável qualquer outro ator além de Johnny Depp como o depravado, cínico, sacana e afetado Jack Sparrow, certamente um dos maiores personagens da cultura pop.
Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra
Diretor e produtor também acertaram a mão no caldeirão que formaram nesse filme. Sem as amarras pudicas da Disney, que lhes deu uma liberdade atípica, eles conseguiram embutir violência e repugnância em um filme para toda a família, que sabe dosar como poucos terror e aventura em igual medida, algo que só tinha acontecido uma vez antes naquele período, com o excelente “A Múmia” (de 1999) e antes deles, somente com as obras de “Indiana Jones” e dali para trás.
Trazendo elementos fantásticos sutis (que viriam a despirocar nos longas seguintes), um alto valor de entretenimento, potente senso de escapismo, A Maldição do Pérola Negra traz figuras tão marcantes quanto seu capitão. E nesse ponto, todo o elenco inspirado também contribui bastante, de Orlando Bloom (que parece ter saído de um legítimo conto de capa e espada) a Keira Knightley (extraída de romances góticos), ao grande e grotesco Geoffrey Rush, com outros tantos atores perfeitos em seus papéis.
Com um roteiro redondinho, envolvendo vingança, busca por tesouros e personagens extremamente cativantes, o primeiro Piratas do Caribe capricha nos efeitos especiais, na representatividade à frente de seu tempo e na capacidade de ressuscitar a temática da pirataria à altura, se tornando um filme atemporal, que merece ser revistado de tempos em tempos, inclusive em eras sombrias como as atuais.