Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

Épico define as normas do novo cinemão, atirando para todos os lados

Depois da aventura enxuta do primeiro filme e de enveredar pela comédia no segundo, esse No Fim do Mundo, um “encerramento” da trilogia, investe mais no épico, em grandes efeitos visuais (vistosos e repugnantes e impressionantes), dando um tom mórbido muito marcante logo em seu início (a cena de cantoria com os enforcados é belíssima) e uma cara de despedida que segue firme até o fim.

No Fim do Mundo, porém, sofre do mesmo mal de “Van Helsing, o Caçador de Monstros” (outro filme que adoro): usa de dois recursos, ao invés de uma única solução. Ou seja, quer abraçar todas as ideias possíveis, ao invés de recorrer ao simples, atirando para todos os lados. Ou seja², no final das contas, Calypso não serve para nada. Quase dois atos do filme são para criar um suspense e um temor sobre a lenda da deusa (que, na mitologia grega, sugere-se que foi uma ninfa do mar, mas também uma divindade da morte, então ok) e quando ela surge, é só um terrível maremoto.

Poderiam muito bem ter colocado os personagens no meio de um maremoto mesmo (ou de um mar caribenho tão terrível e com redemoinhos, que não se recomendava passar por ele — teria funcionado de igual maneira). Por outro lado, a relação da avatar Tia Dalma (Naomi Harris se diverte no papel) com o sempre impressionante Davy Jones (não vamos cansar de elogiar o trabalho de Bill Nighy por aqui) fundamenta bem a figura de horror proposta no filme anterior.

Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

Continuo não gostando muito das inconstâncias que Elizabeth Swann assume (eles miram no feminismo, mas acertam no lado oposto), enquanto que Will Turner vai ficando interessantemente mais ciente de seu destino e Jack Sparrow volta ora mais louco, ora mais melancólico, mas menos engraçado do que a tentativa anterior. Geoffrey Rush, Jonathan Pryce, Stellan Skarsgård e Tom Hollander se mantém em alta, assim como todo o elenco ainda muito inspirado. Chow Yun-fat é inserido no começo para fazer bonito, mas na real tem pouco a fazer.

Mesmo assim, ainda que “O Baú da Morte” e “No Fim do Mundo” tenham sido escritos e filmados juntos, algumas discrepâncias aparecem nitidamente. Em nenhum momento anteriormente se referiam a Calypso, nem que o capitão do Holandês Voador havia tido o coração partido, nem que o tal navio amaldiçoado necessitava sempre de um capitão — que precisava ser substituído, caso o atual morresse. Essas informações são jogadas unicamente no terceiro filme, parecendo uma solução inventada de última hora. O que não impede, é claro, que esse seja um grande filmão pipoca de alta qualidade, não só em seus efeitos caprichosos, como também no épico composto, com muita aventura, batalhas em alto mar e sacrifícios marcantes na cultura pop.

Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

Nome Original: Pirates of the Caribbean: At World's End
Direção: Gore Verbinski
Elenco: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Produtora: Walt Disney Pictures
Distribuidora: Walt Disney Pictures
Ano de Lançamento: 2007
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