Holiday – Um filme que incomoda e faz questionar

Holiday traz a história de Sascha (Victoria Carmen Sonne), a namorada de um traficante, que é sustentada por ele. Michael (Lai Yde), o namorado, leva a moça e um grupo de pessoas para passar o feriado na Riviera Turca, onde ela conhece Frederik (Michiel de Jong) e Thomas (Thijs Römer), dois turistas holandeses.

Sascha começa a flertar com Thomas, sem se preocupar com Michael, que é um homem violento e irascível. Até o dia em que Michael descobre e as coisas saem rapidamente de controle.

Sascha

Holiday é narrado do ponto de vista de Sascha e o telespectador está constantemente seguindo a personagem. Ela é uma jovem que namora um pequeno traficante e que vive do dinheiro dele, mas que também tem que se submeter aos desejos dele.

Victoria Carmen Sonne como Sascha em Holiday
Victoria Carmen Sonne como Sascha

Curiosamente, essa não parece ser uma preocupação para ela, que está satisfeita em cumprir o seu papel em troca de presentes, viagens e dinheiro. Boa parte de Holiday é focado nas “vantagens” e coisas boas que advém do relacionamento entre Sascha e Michael.

O filme mostra o cenário lindo onde eles passam férias, a vida de luxo regada a piscina, bebidas e muitos gastos. Em uma cena, Michael leva Sascha a uma joalheria e pede que ela escolha a joia que mais gosta e quando ela escolhe brincos de esmeraldas que, segundo ele, são mais caras que diamantes, ele compra sem pestanejar.

No entanto, o filme parece querer ir um pouco mais fundo conforme vai avançando.

Sascha e Michael
Sascha e Michael

Violência

Michael é um homem violento e isso fica estabelecido quando ele espanca um de seus empregados porque ele aparecer sem avisar, e Sascha está em uma posição onde é vista como uma mercadoria. Se, por um lado, ela tem luxos, presentes e dinheiro ilimitado, por outro ela precisa aturar abusos, violências e humilhações.

Para o telespectador, fica claro que Sascha não é uma mulher completamente livre logo nas primeiras cenas, quando ela precisa justificar um empréstimo para um dos empregados de Michael e apanha dele, mas os abusos vão escalando quase na mesma medida em que ela aproveita seu feriado tão esperado, culminando em uma cena pesadíssima, que deixa a plateia incomodada.

Mas o curioso é que a protagonista não se insurge em nenhum momento e aceita tudo que vem na sua direção, só não sabemos precisar se é porque ela acredita que esse é o seu papel ou se ela acha que os presentes que recebe valem as humilhações que sofre.

Holiday mostra a dualidade da vida de Sascha
Holiday mostra a dualidade da vida de Sascha

A ideia de Holiday parece ser mostrar os dois extremos da vida de Sascha, que aproveita a Riveira Turca, enquanto é estuprada, abusada e humilhada.

Aspectos técnicos de Holiday

A dualidade da vida de Sascha está presente em todos os momentos do filme, ao mesmo tempo que acompanhamos paisagens lindas, e o feriado em uma casa paradisíaca digna de novela. O local também é cenário para os vários abusos aos quais Sascha é imposta. Os tons claros presentes na fotografia, nos figurinos e no cenário aumentam ainda mais a sensação de que Sascha está vivendo um sonho e deixam o telespectador ainda mais abalado quando ele é exposto às cenas de violência.

O filme, no entanto, soa um pouco frustrante, justamente porque quebra as nossas expectativas. Ninguém espera que Sascha continue aguentando os abusos de Michael, ainda mais porque ela não parece ser uma prisioneira, e a sensação que a plateia tem é que ela se submete àquilo, mesmo que pense em sair da situação quando conhece Thomas. Mas é correto dizer que o filme apresenta uma protagonista única e um ponto de vista bem diferente, mesmo que ele não seja ideal.

A paisagem paradisíaca faz contraste com o tema do filme Holiday
A paisagem paradisíaca faz contraste com o tema do filme

Outra questão que atrapalha é que, embora acompanhe Sascha o tempo todo, o longa não se aproxima totalmente dela. Todas as tomadas são filmadas de longe e a atmosfera não permite que o telespectador se afeiçoe ou sequer torça pela protagonista. O fato dela ser apática e fazer pouco para mudar sua situação, não ajuda em nada. Isso faz a plateia se questionar por que está acompanhando uma protagonista de quem não gosta e que não faz muito para mudar.

Uma atuação complicada

Victoria Carmen Sonne se sai muito bem como Sascha e a plateia sente dó e raiva dela em momentos diferentes. Ela é uma personagem difícil de compreender e por isso a tendência natural é julgá-la, mas o filme não faz isso em momento nenhum, o que é uma maneira interessante de retratar a trama.

Holiday parece ter dois estados: extremamente sutil, como os abusos do começo e a violência escancarada que se desencadeia a partir da metade do filme, o que deixa o telespectador se perguntando qual exatamente é a intenção do longa. Se é incomodar e deixar a plateia em dúvida, ele faz o seu trabalho de maneira razoável. O filme está disponível na plataforma de streaming Reserva Imovison.

https://www.youtube.com/watch?v=iR4-HKQcyPs&ab_channel=ReservaImovision

Holiday

Nome Original: Holiday
Direção: Isabella Eklöf
Elenco: Victoria Carmen Sonne, Thijs Römer, Lai Yde, Ergun Kuyucu, Adam Ild Rohweder
Gênero: Drama, Suspense
Produtora: Apparatur Film
Distribuidora: Imovision
Ano de Lançamento: 2018
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