Infância – O dia a dia de uma família
Rodriguinho (Raul Guaraná) é um garoto que vive com a mãe (Priscilla Rozenbaum), o pai (Paulo Betti) e a avó, Dona Mocinha (Fernanda Montenegro), que é extremamente rígida.
Enquanto Rodriguinho chora a morte de sua cachorrinha, a família se reúne para resolver alguns problemas, como o fato de Henrique, o genro de Dona Mocinha, ter vendido dois dos terrenos dela sem a sua permissão.
Questões de família
Rodriguinho é o personagem principal de Infância e o filme é narrado, em sua maioria, pelo ponto de vista dele. No entanto, a trama do longa é focada em toda a família.
O protagonista vive com a avó, Dona Mocinha, que de uma certa forma, manda em todos na família. A mãe de Rodriguinho, Conceição, é a que mais concorda com a opinião da mãe, tanto que sua mania de contar tudo de sua vida para Dona Mocinha até irrita seu marido, Henrique.
O outro filho de Dona Mocinha, Orlando (Ricardo Kosovski), está divorciado, o que chateia sua mãe, e lida com um filho (Lucca Valor), que está tendo problemas sérios na escola. Orlando também anda interessado em Iracema (Nanda Costa), a empregada da família.
O auge dos problemas se dá quando Henrique, pai de Rodriguinho, revela que vendeu dois terrenos de Dona Mocinha sem que a matriarca da família soubesse.
A infância
Infância, como seu próprio título indica, também é um relato da infância de Rodriguinho, com todos os seus percalços e alegrias. O filme é narrado por uma voz over, um tanto confusa, que explica o que acontece e que sabe também do futuro e faz seus próprios comentários sobre a infância não só de Rodriguinho, como também sobre esse período de uma maneira geral.
Embora a família se veja de frente a problemas mais sérios, Rodriguinho tem problemas mais pueris, ele se preocupa, por exemplo, com os livros que lê, com seu jogo de xadrez e com sua cachorrinha, que falece no começo do filme. Rodriguinho é uma criança solitária que vive cercada de adultos e que se contenta com atividades que pode fazer sem nenhuma companhia.
No outro extremo, temos Ricardinho, o primo de Rodriguinho, que fala palavrão, é grosseiro e anda se metendo em uma série de problemas na escola. Ricardinho soa quase como uma ameaça ao primo e sempre que aparece na casa de Dona Mocinha, assusta e perturba Rodriguinho, que é mais inocente e bem menos bagunceiro.
Aspectos técnicos de Infância
O filme parte da ideia de retratar a infância de Rodriguinho para, na realidade, retratar como as coisas funcionam na família do garoto e como as relações se dão dentro desse contexto. O filme tem personagens bem fortes, como a própria Dona Mocinha que domina a casa e manda em quase todos os membros da família.
A história é bem simples, e de certa maneira, de cunho doméstico. Muitos dos acontecimentos abordados no filme são comuns a muitas famílias e, nesse sentido, podem gerar uma espécie de reconhecimento. O filme é realista, mesmo que retrate uma parte bem especifica da sociedade, que é rica e dona de propriedades.
Também existe um cuidado em recriar os anos 1950, época em que o filme se passa. Os figurinos remetem a década, mas não são aquelas roupas muito clássicas e óbvias que geralmente aparecem em filmes americanos, o que é ótimo, porque Infância é um filme nacional que se passa no Rio de Janeiro e deve retratar as roupas que as pessoas usavam nos anos 1950, no Rio de Janeiro. Esse é outro aspecto que deixa o filme realista. Fernanda Montenegro é outro show à parte, sua personagem é consistente e acreditamos em tudo que ela diz.
Por outro lado, justamente por retratar uma trama comum, Infância pode se tornar meio parado e cansativo. Isso não prejudica o produto final, uma vez que o longa mostra o que, aparentemente, era a sua intenção, mas é um filme mediano, que pode entreter, mas que não chama atenção em especial. A produção chegou ao Belas Artes à La Carte no dia 14 de outubro.