Sobre a Escrita – Stephen King

Provavelmente um dos melhores livros de Stephen King seja este de não-ficção, Sobre a Escrita, onde ele consegue unir autobiografia com dicas de maneira orgânica, dinâmica e cativante.

Se na “primeira parte” (dessa publicação sem necessidade de divisões) ele narra momentos diversos da sua infância até o primeiro sucesso — que resulta nas publicações que consagraram sua carreira (revelando paralelos interessantes entre a vida particular e as ideias que surgiram a partir dessas rotinas), na outra parte temos o melhor da edição: dicas de escrita sem teor de palestra, nem qualquer ego (que vemos tanto por aí com os coachs literários), numa pegada de porrada e soco no estômago, com sinceridade e efetividade na comunicação, muitas vezes trazendo instruções óbvias (mas é a maneira que ele as transmite que faz o diferencial), com orientações nunca antes apresentadas, muito bem embasadas e com ótimos exemplos.

Não importa se você é escritor de primeira viagem ou veterano, a verdade é que até o fim da sua vida e como em qualquer outra vertente da sua existência, você estará aprendendo e Sobre a Escrita ensina muito, mesmo para aqueles que já chegaram ou ultrapassaram seu auge. Ter a experiência de leitura dessa obra junto de outro livro do autor (no caso, A Escolha dos Três, resenha em breve por aqui), contribuiu para um olhar ampliando em como ele põe em prática o que recomenda em seus macetes de escrita, revisão, edição (esse livro também marcou minha estreia com adesivos marcadores sobre inúmeras linhas ou parágrafos, que demais!).

Entre os melhores momentos dessas dicas, temos o (não)uso dos advérbios, o tal do “leitor ideal” e, por fim, o ritmo na narrativa. Tudo escrito de maneira simples, descomplicada, realmente sem firulas ou magia. “A escrita não é para fazer dinheiro, ficar famoso, transar ou fazer amigos. No fim das contas, a escrita é para enriquecer a vida daqueles que leem seu trabalho…”. Na veia.