Vilões – Filme de terror e humor ácido

Mickey (Bill Skarsgård) e Jules (Maika Monroe) são dois ladrões sem muitas habilidades que, depois de roubarem um posto de gasolina, pretendem se mudar para a Flórida e começar uma vida nova, mas logo percebem que esqueceram de colocar gasolina no próprio carro.

Eles veem uma casa isolada, com um carro na garagem e resolvem entrar para roubar o veículo, mas, uma vez lá dentro, se deparam com George (Jeffrey Donovan) e Gloria (Kyra Sedgwick), os donos da casa, que guardam um segredo terrível e que parecem ser muito mais cruéis que Mickey e Jules.

Dois casais vilões

Vilões tem uma premissa bem básica, que inclusive já vimos em outros filmes, e o seu roteiro faz um paralelo bem claro entre os dois casais que são apresentados na trama e que são praticamente os únicos personagens do longa. Os protagonistas são Mickey e Jules, um casal de criminosos que acredita que são Bonnie e Clyde, mas que são bem atrapalhados e mal conseguem roubar um posto de gasolina, e que desejam se mudar para a Flórida e começar uma nova vida.

Enquanto os antagonistas são George e Gloria, os donos da casa, que parecem parados no tempo, mas que vão mostrando a crueldade aos poucos. Os dois casais são mostrados como próximos, mas também muito distintos. Nenhum dos quatro personagens pode se encaixar na categoria de mocinho ou mocinha, já que Mickey e Jules são criminosos, ainda que pequenos e ruins, e George e Gloria guardam segredos sinistros e tem comportamentos sádicos, mas a maneira com que os casais se relacionam é parecida, enquanto a forma com que eles reagem aos acontecimentos tomam caminhos opostos. George e Gloria são frios, calculistas e passam boa parte do filme calmos, tanto que em vários momentos eles parecem insanos, enquanto Mickey e Jules reagem de maneira apaixonada, o que eventualmente os atrapalha.

O que o filme faz muito bem é justamente questionar quem de fato são os vilões do filme e em maior medida, a quem o título se refere, uma vez que os quatro personagens em questão se encaixariam facilmente nesse quesito. A sensação que se tem, no entanto, é que um casal é pior que o outro e que Vilões nos obriga a torcer por pessoas para as quais, em uma situação normal, jamais concordaríamos.

Humor ácido

Vilões é, em muitos sentidos, um filme de terror e de suspense, mas ele também flerta muito com o humor. Logo no começo, quando Mickey e Jules têm dificuldades durante o assalto ao posto de gasolina, fica claro que eles não são uma dupla de ladrões que é muito boa no que faz, o que invariavelmente causa risada no público.

Claro que a premissa beira o terror, porque não só acompanhamos personagens que têm poucas qualidades, mas também porque eles se colocam em situações perigosas e que chamam a atenção de qualquer fã do gênero, que já sabe que algo de terrível vai acontecer, mas o que acontece a partir daí não segue o clichê e as cenas muitas vezes se aproximam do cômico.

Isso porque diferentemente de outros filmes que têm a premissa muito parecida com a de Vilões, o longa em questão não se leva tão a sério. O roteiro investe bastante, por exemplo, na relação de Mickey e Jules, mas muitas vezes coloca o casal em momentos que são muito mais vexatórios do que assustadores, embora o aspecto do thriller esteja sempre presente, uma vez que Mickey e Jules estão à mercê de dois lunáticos.

Aspectos técnicos de Vilões

Vilões tem como premissa um argumento que foi bastante explorado ultimamente e que já se encaminha para se tornar um subgênero dentro do terror, que é a ideia do personagem com caráter duvidoso que invade uma casa e encontra uma pessoa que é ainda pior que ele. Podemos ver isso em O Homem Nas Trevas, Os Intrusos e A Casa do Medo.

O tema é interessante porque durante o filme o telespectador se vê obrigado a escolher quem é menos terrível nessa equação e precisa torcer por alguém que não é um mocinho tradicional, ao mesmo tempo que esse personagem se redime de alguma maneira. O diferencial entre todos esses filmes é a maneira com que eles abordam a situação e o tal segredo que os personagens encontram dentro da casa que invadem. Vilões não é especialmente criativo em relação a isso, mas pelo menos não se leva completamente a sério e consegue fazer piada de situações que normalmente não seriam engraçadas.

O filme tem boas atuações, e os quatro protagonistas se saem muito bem, existe também muita química entre os casais, o que nos faz acreditar na história que está sendo contada. O cenário é reduzido, já que boa parte do filme se passa na casa de George e Gloria, mas os diretores Dan Berk e Robert Olsen, fazem bom uso do espaço.

Vilões, no entanto, é um filme repetitivo, que até trabalha em gêneros diversos que se combinam bem, mas não apresenta muita inovação na sua trama, por isso, qualquer pessoa que conhece o gênero consegue prever muito do que vem pela frente. Por outro lado, o longa pode ser um bom entretenimento, ainda que não muito memorável.