Mickey e o Oceano Perdido

de Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni, Panini Comics

Um visual arrebatador não salva uma história medíocre, isso é certo. E por mais que Silvio Camboni tenha feito a HQ mais visualmente impecável, espetacular e vistosa de toda história da Disney (e até dentre os quadrinhos no geral, arrisco dizer), o roteiro pífio, frio e atropelado de Denis-Pierre Filippi arruina tudo em Mickey e o Oceano Perdido.

Sufocado de um blábláblá científico do começo ao fim (nota-se o desespero do autor em mostrar o quão ele manja da linguagem técnica), com uma trama steampunk que flerta com um futuro pós-apocalíptico sem coração, onde todos os personagens falam da mesma maneira, o Oceano Perdido é só um gibi bonito para se ter na estante (e onde cada página e cada requadro poderiam ficar lindos na parede, mas sem função narrativa).

Em muitos quadrinhos Disney, as figuras são colocadas como detetives, jornalistas, guerreiros ou super-heróis, mas habilmente mantendo suas características reconhecíveis (exemplo: o Pateta sempre vai gaguejar e fazer algo inevitavelmente patético), algo que é completamente abandonado ou esquecido por aqui, além de um enredo sem emoção, onde pequenos momentos não levam a outros e ficam por isso mesmo. Inclusive as trocas de capítulos não fazem sentido, pois não existe gancho de um para o outro.

Dessa forma, fica evidente que na mesma medida que Camboni é um exímio ilustrador, Denis-Pierre é um péssimo roteirista e não compreende nem o beabá básico das HQs para envolver o leitor minimamente. Mickey e o Oceano Perdido se justifica apenas como um portfólio de arte para inspirar outros artistas, mas fracassa miseravelmente como uma leitura de fim de tarde.

Nome Original: Mickey e o Oceano Perdido
Autor: Denis-Pierre Filippi e Silvio Camboni
Editora: Panini Comics
Gênero: Aventura
Ano: 2021
Número de Páginas: 72
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