O Predador: A Caçada
Feito de fã para fãs, essa nova adesão na franquia do Predador começa acertando na premissa, ao colocar a criatura na selva, próxima a uma tribo comanche, nos idos de 1700, e o diretor Dan Trachtenberg (do ótimo Rua Cloverfield, 10, outra produção de viés minimalista e intimista) consegue expor muito bem a rotina daquela comunidade, à medida que assume um interessante “lado Discovery”, com a cadeia alimentar selvagem se desenrolando, com o alienígena vez ou outra interferindo nisso (a sequência de luta entre o Predador e o urso podem ser classificadas como uma das mais marcantes da franquia), de maneira que o enredo prepara o público para o que a protagonista precisará enfrentar mais adiante.
A esforçada Amber Midthunder faz a indígena que quer se provar (e para sua tribo) que também é capaz de caçar, mesmo que isso vá contra os preceitos deles, e passa o filme inteiro em um ambiente de sobrevivência (que pode inclusive agradar aos jogadores de games do tipo), entre leões, ursos e lobos, evoluindo a cada passo como guerreira. Essa jornada de crescimento é desenvolvida de forma cadenciada, portanto quando a menina mirrada precisa enfrentar um Predador com mais de 2m, isso acaba funcionando melhor. Toda a linguagem de sua Naru para a caçada e as armas que ela monta e carrega, também deixam toda a produção mais interessante.
O Predador: A Caçada
Existe sim um estranhamento na representação da maioria dos comanches apresentados (principalmente aqueles que saem para investigar “o monstro” que vem esfolando animais e pessoas pela floresta), inclusive da protagonista, pois muitas vezes eles falam e se comportam como adolescentes rebeldes, e não como imaginamos e sabemos como eram aquelas pessoas naquele período; mas talvez seja uma escolha e não um erro, justamente para aproximar o público a simpatizar com essas figuras… De qualquer maneira, não atrapalha o andamento do filme.
Com uma premissa simples e bem contada, uma história contida e bem resolvida, Trachtenberg consegue com O Predador: A Caçada ao mesmo tempo prestar tributo ao clássico com Schwarzenegger e propor uma novidade pela ambientação, entregando um filme honesto de terror e ação.