Adão Negro – 15 anos de espera
A produção de Adão Negro começou quando, em uma entrevista, o astro do filme Dwayne Johnson, revelou que ao ser procurado para interpretar o herói Shazam pela Warner Bros, ele teria gentilmente recusado o convite e se oferecido para interpretar justamente a contraparte vilanesca do herói.
Muito tempo passou desde então, filmes de heróis se tornaram as maiores bilheterias e se tornaram um gênero à parte. Durante esse tempo, entrou em produção Shazam! do qual Adão Negro faria parte como o principal vilão do longa, mas depois de conversas entre o diretor David F. Sandberg e o produtor Peter Safran, foi decidido cortar por completo a participação do personagem, entendendo que seria melhor optar por filmes separados.
Nesses 15 anos, algo importante e vital aconteceu, Dwayne Johnson se tornou basicamente o maior astro de Hollywood, capaz de atrair sucesso para uma produção apenas com seu nome no pôster. Foi assim com sua entrada na franquia Velozes e Furiosos (que até rendeu um spin off com seu personagem), e na revitalização da franquia Jumanji que já conta com dois filmes que juntos já faturaram quase 2 bilhões em bilheteria.
Mudando a hierarquia de poder na DC
Acho que não tem ninguem ligado em filmes de super-heróis que não tenha escutado essa frase nos últimos anos, ela praticmamente se tornou um mantra durante entrevistas com o astro do filme, então nada mais justo do que esperar por algo poderoso e nunca visto.
Só que, pelo menos na opinião desse simples fã de quadrinhos, isso não acontece no filme e sim em outro lugar, que seria a cúpula de produção da DC Filmes, que vem batendo a cabeça desde o fracasso de bilheteria do filme da Liga da Justiça.
Participando das decisões criativas e até exigindo certas participações no longa, o ator se mostrou sempre forte em sua visão de como o filme e, consequentemente, a sequência do universo DC no cinema deveria seguir.
Diga que o homem de preto mandou você
Adão Negro começa mostrando a origem do anti-herói 2500 anos antes da Era Comum no fictício reino de Khandaq, onde o escravo Thet-Adam é convocado pelo mago Shazam e recebe poderes baseados na mitologia egípcia: Shu (resistência, vigor); Hórus (velocidade, capacidade de voo); Amon (super-força); Zehuti (sabedoria); Aton (poder) e Mehen (coragem), se tornando o campeão do povo na luta contra o tirano Rei, mas ao abusar do poder que lhe foi concedido, ele é aprisionado em uma tumba mágica e permanece por lá até ser libertado nos dias atuais.
A primeira metade do filme se mostra grandiosa em termos de ação, mostrando a absurda força e poder de Adão Negro, que elimina membros da Intergangue como se fossem meros obstáculos no seu caminho. Confesso que passei boa parte me lembrando do personagem Capitão Foda-se criado pelo Youtuber Anderson Gaveta, sério, nada mais simboliza isso do que o poderoso ser voado na vertical de lá pra cá e atravessando tudo que estiver pelo caminho.
Uma coisa que incomodou muito durante o filme foi o abuso absurdo de clichês já vistos em praticamente todos os filmes de heróis lançados nesses últimos anos, desde o excesso absurdo do recurso da câmera leeeeeeeeennnnnnnntaaaaaaaaaa que enche o saaaaaaacooooo muito rápido, ao uso de trilhas incidentais de músicas famosas para determinadas cenas, que tambem é um clichê tão batido que dá até uma vergonha alheia em certas cenas.
Sociedade Da Hipocrisia da América
Prevendo o perigo de um ser tão poderoso solto por aí, Amanda Waller (Viola Davis) envia a Sociedade da Justiça da América, primeiro grupo de heróis da DC Comics e reduzido aqui a um sub Esquadão Suicida, para Khandaq, esperando que eles sejam capazes de aprisionar o anti-herói.
A equipe é formada por Gavião Negro (Aldis Hodge), Doutor Destino (Pierce Brosnan), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Cyclone (Quintessa Swindell). Em determinada cena, a equipe é confrontada pela personagem de Ísis (Sarah Shahi), que pergunta onde eles estavam nos últimos 27 anos de dominação da Intergangue que só apareceram agora para enfrentar e deter aquele que apareceu para enfrentar os invasores.
Como não poderia faltar, temos uma grande cena de ação da batalha entre a Sociedade da Justiça vs Adão Negro, que é a melhor cena de ação do filme, com uma porradaria franca entre os personagens.
Prós e Contras de Adão Negro
Os heróis estão muito bem caracterizados, tanto nos trajes quanto nos poderes, em especial o Adão Negro e o Doutor Destino, que está espetacular no longa. A trilha sonora se não tem um tema marcante tambem não faz feio, mas falo da trilha instrumental e não das músicas colocadas tipo Esquadrão Suicida por todo o filme.
O valor de produção é ótimo na parte dos efeitos visuais e pobre num nível “novela das 9” em se tratando de cenários, Khandaq é qualquer coisa com repetição de ruas que são usadas em quase todas as cenas.
A criança gênio é a PIOR coisa do filme, parece que foi enfiada na trama para tentar atrair a molecada para a produção, mas coitado, o ator (Bodhi Sabongui) é mais um aluno da “Escola Cigano Igor de Interpretação” e chega a ser risível em algumas cenas a falta de expressões do garoto. O vilão final é qualquer coisa, não chega ao nível do Lobo da Estepe do filme da Liga da Justiça, mas passa por pouco.
Não existe ninguém capaz de me deter nesse planeta
No geral, o filme diverte e é um bom filme de herói, com seus acertos e seus defeitos. Adão Negro deve fazer um bom lucro nas bilheterias tanto pela presença de Dwayne Johnson que, literalmente, enverga o manto do anti-herói, mas confesso que lá pelo terço final do filme já estava mais interessado na tal cena pós créditos, afinal, essa sim mostra a VERDADEIRA nova hierarquia de poder da DC, e ela está nas mãos de Dwayne Johnson, que foi capaz de trazer de volta alguém que nem o mais esperançoso fã poderia esperar.