Mirror's Edge: Catalyst, um salto de liberdade vermelho
Poucos jogos ainda merecem um espacinho no HD e Mirror’s Edge é um dos aqui ainda estão ocupando seu lugar por aqui. Lançado em 2008 o jogo que misturava elementos de ação com Le Parkour fez muito sucesso e durante anos a comunidade de gamers tem aguardado a sequência do jogo, apresentada em 2014. Essa semana, com o lançamento de Mirror’s Edge: Catalyst, tivemos a oportunidade de testá-lo e trazer para você as novidades desse continuação.
Produzido pela DICE, Catalyst traz três premissas fortes que pretendiam ser a receita de novidade do jogo. A primeira delas é que dessa vez o mundo é aberto, permitindo que o jogador possa correr e escalar os objetos pelo mapa da cidade de Glass livremente, em um estilo similar a Assassin’s Creed. O segundo elemento é a possibilidade de criar rotas de entrega online, permitindo que outros jogadores possam interagir com as missões que você mesmo criou. E a última, é a inclusão de um gancho similar aquele que você já deve ter usado na série Batman e um equipamento de pulso, que tende a atordoar os inimigos e os drones.
Legal! A fórmula nos apresenta então a ação em primeira pessoa combinada com uma trilha sonora adequada. Nos momentos adequados a música dá uma guinada e o resultado é a imersão do jogador e a vontade de sair correndo, pulando e escorregando por aí. É a oportunidade de matar a saudade de um grande jogo e de Faith Connors, a protagonista oriental do jogo. Dessa vez, os movimentos e animações foram melhorados, assim como as habilidades, permitindo inclusive que o jogador possa subir níveis em uma árvore de experiência que o jogo disponibiliza.
Os gráficos acompanham. Enquanto na época a primeira edição do jogo já maravilhou olhos pelo mundo todo, essa versão faz o mesmo nos seus modos mais elevados de configuração, chegando a trabalhar inclusive em 60 FPS, trazendo fluidez ao jogo.
A história do jogo traz uma espécia de prequel que traz flashbacks da personagem principal em sua infância, mostrando uma sociedade super vigiada e os corredores que simbolizam a resistência no jogo e se você tem dúvida se deveria dar uma olhadinha na trama eu faço uma única sugestão: siga o vermelho!
Então fechou? Infelizmente não.
Apesar de trazer um conjunto interessante de atualizações, munida a um enredo que teria tudo para dar certo, a franquia comete algumas gafes que geram dúvidas sobre esse período todo para o lançamento da continuação. Antes de mais nada, esqueça a história do primeiro! Até para mim, que não lembro da história, fiquei meio balançado com a decisão de ignorá-la e começar tudo de novo, fazendo com que a história apresente uma grande quantidade de informações e personagens que poderiam receber um aprofundamento maior. Diversas sacadinhas são apresentadas e se você está ali só por estar, então tudo bem, os diálogos e interações vão lhe satisfazer. Mas para quem gostar de se envolver e sentir o drama da coisa, o jogo deixa a desejar.
O mapa aberto é fantástico e mostra todo o poder do motor gráfico Frostbite Engine 3, trazendo ao jogador aquela sensação de liberdade que um bom mapa aberto deve dar. Porém, mesmo com a qualidade gráfica no máximo é possível observar algumas texturas muito mal trabalhadas e alguns glinchs de luz nas paredes, que ficam piscando de uma maneira bem esquisita. O gancho, que deveria dar uma movimentação extensiva a Faith não é bem trabalhado e seu uso é limitado a alguns poucos lugares. Claro, que esses elementos são detalhes que podem ser ignorados pelo jogador, diante da beleza do conjunto…até um certo ponto.
A construção do mapa e o uso de 60 FPS mostram o seu preço no jogo, grande parte da cidade é repetitiva e muitos lugares são sem cores ou simples demais, dando a sensação de um mundo vazio.
Corre, soca, gira e bate
Quão foi minha surpresa quando, além de tudo que Mirror’s Edge vem a trazer, ainda permitiu o modo combate que funciona sinergicamente no game. A sequência tentou manter esse estilo, oferecendo novos elementos mas removendo recursos interessantes, como o counter e as armas de fogo.
Por outro lado, o jogo permite o direcionamento do ataque (jogar um inimigo em outro por exemplo) e também o combo Le Parkour + Combate, que permite andar em uma parede por exemplo e cair desferindo uma voadora no inimigo. Nessa balança de jogabilidade o jogo tinha tudo para vencer, se a IA dos inimigos fosse um pouco melhor. Na maioria das vezes os inimigos parecem uns paspalhões e isso incomoda.
Há esperança para Faith?
Com um combate muitas vezes confuso, uma história mal executada e texturas que muitas vezes aparentam falhas, o jogo parece ter saído do forno cedo demais, porém de maneira nenhuma está com um gosto ruim. Para quem quiser provar, vai poder observar que as missões principais são bem executadas e as secundárias dão seus leves momentos de alegria. Os gráficos a 60fps trazem uma fluidez fantástica e os gráficos (fora os bugs) funcionam muito bem no mundo aberto apresentado, tornando a falta de detalhamento um recurso penoso, mas não essencial. Trazer o recurso online e novas ferramentas foi uma boa sacada, mas não trazer nada de novo no mercado demonstra que o jogo ficou muito bom, mas não será inesquecível como o seu antecessor.
O jogo está disponível para as versões PC, Xbox One e Playstation 4.