Assassin’s Creed
Quando nosso Diretor de Cinema me convidou para representá-lo na exibição de Assassin’s Creed jamais imaginaria que iria encontrar o cinema em silêncio e uma atmosfera tensa. Parte pela comum ansiedade pré-filme, parte por saber que o filme aguardado naquela sessão era a adaptação da famosa franquia que hoje conta com mais de 9 sequências super produzidas e que gera polêmica em cada lançamento. Dessa vez, os comentários e olhares se direcionam para a telona para acompanhar os assassinos do século XV, em plena Inquisição Espanhola.
Você não vai precisar de uma aula de história para entender a época em que a trama se passa, construções detalhadas disputam a riqueza dos detalhes contra a grandeza dos edifícios e construções. Por ali, pessoas com trajes característicos se movimentam para lá e para cá sem imaginar que por cima deles saltam, de edifício em edifício, os assassinos mais incríveis já nascidos.
Um desses assassinos é Aguilar de Nerha, protagonista diferente de Altair que controlamos no primeiro game, mas não menos atrativo, trazendo similar evolução ao longo da trama. Se no jogo Altair evolui moralmente de um personagem arrogante para um personagem mais humilde, no filme Cal Lynch (Michael Fassbender) leva a tela uma sensação parecida e até engraçada. No começo o protagonista não entende nada do que está acontecendo e tudo parece muito fantasioso: assassinos e templários em um combate secular encoberto por inúmeros enigmas e mistérios, enquanto ele, é só o descendente de um dos mais famosos assassinos de todo o credo e a chave para acabar com todo esse conflito, mas que não sabe de nada.
Com o uso de uma máquina futurista, a Animus, é possível fazer o mapeamento do DNA do indivíduo e fazê-lo reviver momentos dos seus antepassados, é assim que Cal Lynch vai parar na pele de Aguilar a comando das Indústrias Abestergo, uma organização templária que quer colocar na Maçã do Éden, artefato que promete um poder sem igual a seu portador.
Entre uma viagem e outra, é possível observar limitação nas cenas de combate quando não estão aplicando o estilo dos assassinos, além disso, as cenas de explicação científica, elemento que mostra ter grande peso no enredo do filme, acabam sendo abaladas pela necessidade da construção da afetividade entre Dra. Sophia (Marion Cotillard) e Cal, em uma interpretação que soa forçada para aquela que será a vilã das próximas sequências. Os assassinos que dividem espaço com Cal também se esforçam para fazer suas interpretações, mas muitas delas vão deixar em aberto explicações que não serão dadas. A tentativa de combinar tudo que é possível para agradar ao máximo de pessoas, mas que nem sempre soa real.
Enquanto dizem que os Hashashins (como eram conhecidos originalmente os assassinos) usavam o haxixe para trazer coragem em combate, no filme eles precisariam da erva para poder aturar tanta fumaça. Parece que depois de terminado o filme, o Diretor olho e falou: legal, mas eu dou o dobro para você encher de fog. E o cara fez. Na verdade, parece que tiraram o dinheiro que ia para a tecnologia 3D e jogaram na fumaça porque você não vai se surpreender em nada com o 3D do filme. Em compensação, a trilha sonora é boa quando toca, mostrando-se restrita em partes do filme mas que quando surge ajuda a trazer a sensação ao espectador de cenas clássicas como a execução na praça e o salto de fé. Esse último, trazendo uma cena realmente impactante.
O filme deixa claro a existência de uma continuação – mesmo não havendo pós-créditos – mas Hollywood não pensa igual e o filme não foi bem recebido pela crítica. Quem foi para ver Assassin’s Creed pode ter saído com a sensação de ter assistido um outro filme. Mas que não é ruim.
[c5ab_review c5_helper_title=”” c5_title=”” ]Agradecimento especial a Fox Filmes do Brasil