Zodíaco, livro de Robert Graysmith
Aterrorizando a cidade de San Francisco desde 1968, o serial killer Zodíaco, em cartas cheias de escárnio enviadas aos jornais, escondia pistas sobre sua identidade e usava astuciosas mensagens criptografadas que desafiavam as maiores mentes decifradoras de código da CIA, do FBI e da NSA. Nessa época, o autor, Robert Graysmith, era o cartunista de política do maior jornal do norte da Califórnia, o San Francisco Chronicle, de forma que estava lá quando cada uma das cartas criptografadas, cada mensagem codificada, cada farrapo de roupa ensanguentada das vítimas chegou à redação.
O assassino do Zodíaco atuou no Norte da Califórnia, no final da década de 60. Ele matou quatorze vitimas conhecidas, e muitas pessoas atribuem outros crimes a ele, que nunca foram provados. Zodíaco era o nome com qual o assassino assinava as cartas que ele mandava para os jornais.
O livro Zodíaco, de Robert Graysmith narra a investigação do caso. Graysmith trabalhava no San Francisco Chronicle na época dos assassinatos. Por isso, ele esteve por perto quando o jornal recebeu cartas e farrapos de roupas das vítimas. Ele acabou ficando tão interessado pelo assunto que resolveu fazer sua própria investigação.
O livro
É importante lembrar que Zodíaco, diferentemente de muitos livros que falam sobre crimes reais, não retrata uma investigação policial. Retrata no caso a investigação de Graysmith. Por esse motivo, não temos acesso a todos os documentos e provas. Um fato muito relevante na história do Zodíaco é que em dado momento a polícia de fato ficou cara a cara com ele, mas não o prendeu porque procurava por um homem negro. Justamente em função de pequenos erros que a polícia não tinha nenhum interesse em divulgar certas informações ao jornalista.
Graysmith começa narrando o assassinato de Cheri Jo Bates, que foi morta do lado de fora de uma biblioteca. Acredita-se que o Zodíaco tenha sabotado o carro dela enquanto ela estava dentro da biblioteca. Isso a obrigou a pedir carona na saída. Então, o autor nos fala um pouco sobre os outros crimes do assassino, e que na verdade, eles tinham um padrão: o Zodíaco atacava casais em lugares ermos. Em mais de uma ocasião, ele atacou a moça de maneira tão feroz, que ela morreu quase instantaneamente, mas o rapaz sobreviveu, quase como se ele não desse atenção suficiente aos homens.
O autor também relata uma das histórias mais sinistras envolvendo o Zodíaco. Uma moça com seu bebê, pedia carona na estrada, depois que seu carro havia quebrado. Um homem parou o carro e enquanto eles se dirigiam ao destino, o homem falou: “você sabe que eu vou matar você e seu bebê, né?”. A moça pulou do carro, escondeu o bebê no meio do mato e pediu ajuda para alguém que passava.
Zodíaco, um assassino real
É assustador pensar que tudo que está no livro de fato, aconteceu. Mais assustador ainda é pensar que Graysmith fez sua investigação no momento em que tudo acontecia e sem a proteção direta da polícia. Ou seja, ele corria perigo a todo momento. Houve um determinado período em que quase todo mundo nos Estados Unidos sabia que Graysmith estava investigando o Zodíaco.
Um dos momentos mais aflitivos do livro, e da vida de Graysmith, suponho, é quando ele vai à casa de um homem que possuía uma cópia de um filme que o Zodíaco cita em uma das suas cartas. O homem logo informa que o filme está em seu porão e Graysmith já se preocupa, uma vez que existe uma teoria circulando de que o assassino possivelmente morava em uma casa com porão (o que não era muito comum naquela parte dos Estados Unidos). Os dois descem para o porão mesmo assim e Graysmith descreve um dos momentos mais assustadores da sua vida, onde ele se viu preso com um homem que batia com a descrição física do assassino, tinha um porão e possuía o filme que o assassino tanto citava. Graysmith também comenta no livro que ele recebia ligações misteriosas, onde uma pessoa ficava só respirando na linha.
Também é importante dizer que Graysmith se tornou um especialista no assunto. Embora ele tenha escrito livros sobre outros crimes reais, até hoje ele é questionado sobre o caso do Zodíaco. Ele inclusive indicou quem ele acredita ter sido o responsável pelos crimes.
O livro também avança para os dias mais recentes, quando um dos rapazes que sobreviveu a um ataque do Zodíaco fala sobre o que aconteceu na época.
A repercussão do caso
O fato do Zodíaco nunca ter sido pego também é uma coisa que deixa a leitura mais interessante. O leitor sabe desde o começo que esse caso nunca foi esclarecido, mas isso em momento algum faz diferença na leitura.
Muitos livros já foram escritos sobre o assunto, mas o de Graysmith é com certeza, o que tem mais informação. Recentemente, Gary L. Stewart escreveu o livro O Animal Mais Perigoso de Todos, onde ele alega que seu pai biológico é o Zodíaco. E em 2007, o livro de Graysmith virou um filme bem fiel, dirigido por David Fincher. Jake Gyllenhaal interpreta Graysmith e no elenco ainda estão Robert Downey Jr., Mark Ruffalo e Chloë Sevigny.
Existe ainda uma teoria maluca, mas muito assustadora sobre o Zodíaco, que diz que a mesma pessoa também foi responsável pelo assassinato de Elizabeth Short, a Dália Negra, em 1947. Segundo a teoria, o mesmo homem teria assassinado Elizabeth quando jovem e mais tarde, cometido os crimes do Zodíaco. Nada se pode provar sobre isso, já que nenhum dos casos nunca foi resolvido, mas só a ideia já é o suficiente para manter muita gente acordada a noite.
Zodíaco assusta justamente porque narra um caso de crueldade real que nunca foi resolvido, embora vários esforços tenham sido feitos.
Nome original: Zodiac
Autor: Robert Graysmith
Editora: Novo Conceito
Gênero: Crime, Drama, Mistério
Ano: 1986
Assunto: Comunicação. Jornalismo.
Número de páginas: 416