Operação Fronteira, quando o dinheiro fala mais alto
Em Operação Fronteira, cinco amigos se reúnem para acabar com um chefão das drogas na América do Sul e ficar com sua fortuna. A Tríplice Fronteira é a turbulenta zona fronteiriça entre Argentina, Brasil e Paraguai, onde o rio Paraná converge com o rio Iguaçu. Certamente, a região é um pesadelo para as autoridades e ponto de encontro entre crime organizado e terrorismo.
Construindo uma fábula cinzenta, crua e cruel sobre cobiça, o diretor J.C. Chandor (que se destacou antes por O Ano Mais Violento) realiza aqui uma história possível sobre figuras tortas, críveis e reais, em um ambiente ao mesmo tempo comum e hostil, sem heróis ou vilões, com os propósitos usurpados em nome de uma ambição sem igual.
Operação Fronteira
Com um elenco de peso, encabeçado pelo sempre ótimo Oscar Isaac, temos ainda Ben Affleck, Charlie Hunnam, Garrett Hedlund e Pedro Pascal brilhando igualmente. Com interpretações principalmente certeiras e bastante pontuais. A trama traz homens decadentes como o palestrante que sofre em silêncio pelas mortes que provocou; o alcoólatra passivo-agressivo; o frustrado com problema com drogas; e o lutador de MMA que vive como um pária. Todos necessitados de retornarem para suas velhas vidas.
O convite de um deles para derrubar um chefão do tráfico e ainda levar uma bolada, portanto, serve como desculpa e gatilho para ação. Com uma operação intensa, onde o suspense da infiltração prevalece sobre demais sequências de tiroteio e facadas. Porém, a grande sacada do roteiro se dá na construção de expectativa e na entrega do verdadeiro material.
Afinal, Operação Fronteira não é um filme de assalto, como se vende no trailer. Mas de sobrevivência na selva e na neve. Trabalha seus protagonistas com uma bússola moral os assombrando a cada passo, a cada gesto, que serve de paralelo para a jornada de cada um e culmina com uma meia hora final improvável. Prova a força de sua narrativa, onde existe uma lição a ser aprendida, como em qualquer fábula.
Paralelos
São evidentes os trabalhos de moralidade no longa, com os soldados despachando alguns milhões pelo caminho, se quiserem seguir adiante e sobreviver. Abrindo mão da grana fácil conquistada de maneira difícil, os personagens se elevam espiritualmente e prevalecem sobre a força da natureza, mas o mundo dos homens não esquece dos antigos pecados e retorna para uma última vendeta, que realiza uma pequena tragédia no acerto de contas. Antes mesmo de morrer, há um entre vários que já estava morto em vida. Inevitável também notar os paralelos realizados com a carreira e a situação de Affleck em Hollywood e no mundo real.
Assim, mais longo do que deveria e aberto a uma desnecessária continuação, Operação Fronteira contribui para as produções “black ops” e de “survivor” com personalidade, um elenco inspirado e uma direção firme.