A Morte do Superman, a outra animação
A Morte do Superman consegue sintetizar a essência do Homem de Aço, realizar uma releitura de um clássico do personagem e ainda entreter e emocionar na medida.
O design de personagens pode soar datado. Os heróis ainda estão na pegada Novos 52, que é um conceito abandonado já tem alguns anos. Por outro lado, essa história segue a anterior – Liga da Justiça: Guerra – e com esse senso de cronologia entre os novos animados da DC, não tem muito o que fazer senão seguir o que já tinha se estabelecido. Então a essência das figuras em tela, em especial do azulão, se mantém clássica (ou como revisto no Renascimento, que é essa retomada bem-vinda nos quadrinhos).
A Morte do Superman
Nos quadrinhos, o mundo literalmente parou em 94 com a queda do maior herói de todos os tempos. Em todas as mídias, a história era só porradaria gratuita para anular os efeitos de um possível casamento entre os protagonistas. Enquanto o filme procura aprofundar os personagens e se sair muito melhor do que o material-base, em todos os aspectos.
Sam Liu e James Tucker não são Bruce Timm, mas conseguem fazer uma direção mais do que competente por aqui. Assim, nos entregam ótimas sequências de ação, porradaria e ângulos inventivos que valorizam esses momentos. Peter Tomasi já vem fazendo um bom trabalho justamente nas HQs da fase Renascimento. Ele assume enfim o roteiro aqui e sabe trabalhar pontualmente cada membro da Liga. Em especial Diana, como uma espécie de ex mal resolvida, ainda que sensata; Batman, de maneira improvável é o coração da equipe; e Ciborgue relacionando outros elementos que vão repercutir no futuro.
Os personagens
Peter entende como poucos a essência pura de Superman e entrega um dos seus melhores momentos em tela. Todavia não diminuindo Reeve ou o que Timm fizeram com o personagem. Do contraste entre ele e Clark; da bondade intrínseca que ele emana; do quão amado é pela humanidade (e bem justificado no script, em especial Bibbo Bibbowski); sua relação com outros heróis, com Lex (que nunca deixa de ser ótimo quando aparece) e principalmente seu relacionamento com Lois, que segue uma escalada humana, identificável e que torçamos para que chegue no auge, sendo o ponto forte da trama, porque fortalece as bases do Homem de Aço e justifica seus gestos finais.
A trama
Na nova animação, um misterioso asteroide vêm em direção à Terra trazendo o vilão Apocalipse (que o roteiro agilmente opta por não explicar as origens, a fim de colocá-lo como uma força da natureza caótica e iminente). Enquanto Superman concilia sua vida de herói com seu relacionamento com Lois Lane. Quando o monstro leva sua trilha de destruição até Metrópolis e a Liga da Justiça falha, só o Homem de Aço pode salvar seu lar e o planeta.
Inspirado no material original, Tomasi é esperto ao não adaptá-lo fielmente e acerta em tudo o que se propõe. Justifica o envolvimento da liga, destaca personagens icônicos da vida de Clark de maneira orgânica na trama e fornece todos os elementos conhecidos em sua narrativa. De maneira contemporânea e mais dinâmica, que inventivamente vai emocionar qualquer um que sobreviver até o final. Sem deixar, é claro, de plantar pistas para a continuação já anunciada, dos famosos quatro substitutos do azulão.
A simplicidade do enredo, somada ao conhecimento do roteirista a respeito de seu protagonista, fornecem uma história de primeira por aqui. A Morte do Superman nunca esteve tão bem representada.