A Nova Onda do Imperador, uma animação Disney
A Nova Onda do Imperador é a tentativa da Disney em ser Looney Tunes. Engraçadinha, mas insossa.
Seguindo a tendência de outras produções meramente remotas no que tange a estética, como Pocahontas e Hércules, A Nova Onda do Imperador tem um concept de personagens incrível, com um desenho anguloso que funciona muito bem quando animado e remete imediatamente a cartuns setentistas. Principalmente em seu escopo completamente voltado para gags de penhasco ou caras contra pedra, à melhor maneira Coyote e Papa-Léguas, pegada essa que vai do começo ao fim, com uma linguagem moderna e diálogos propositalmente fora de época – até mais do que nas cenas do Gênio em Aladdin –, o que colabora para o entretenimento simplista proposto aqui.
A Nova Onda do Imperador não é o que se espera
Mas, se você buscava qualquer conto Inca ou uma nova lenda desse período pelos punhos da Disney, esqueça. Roger Allers, o verdadeiro criador do conceito, até que tentou, numa dura batalha ao longo de 4 anos, onde pretendia conceber uma versão singular de O Príncipe e o Mendigo, mantendo a ministra-bruxa e a transformação em lhama, mas Michael Eisner se interpôs na criação, após o fracasso de bilheteria de Pocahontas e O Corcunda de Notre Dame, colocando então um mero operante no lugar, Mark Dindal, para executar esta, que certamente é a animação menos lembrada da Disney. E dos Incas mesmo, só empresta o cenário e o figurino.
Com talvez o protagonista mais insuportável da Casa do Mickey de todos os tempos, Kuzco consegue ser tão vilão quanto a genérica Yzma e jamais desperta simpatia, mesmo próximo do fim, deixando então o longa animado nas mãos de Pacha (o coração do filme, com um propósito aflitivo em seu background) e Kronk, de longe o melhor personagem da história e o único que realmente move o enredo e diverte de verdade.
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A animação é competente e o roteiro, previsível, pelo menos é redondinho. Não desaponta, mas também não emociona. E convenhamos, os mitos Incas poderiam fornecer muito mais. Dessa forma, A Nova Onda do Imperador estaciona no lugar-comum, mais como um episódio de uma hora dos Looney Tunes do que uma verdadeira produção que a Disney poderia fornecer.
No mais, a dublagem é ótima, com Selton Mello usando gírias modernas que conversam com a linguagem contemporânea que a animação assume. Ainda que todo o elenco de voz esteja bem, é Selton quem fornece os melhores momentos aqui.