A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é um filme que acerta na sensibilidade do pós-guerra, na valorização da literatura e na proposta diferenciada para um drama de romance.

Esta é a adaptação do livro de mesmo nome de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows publicado em 2008. O longa narra a trama de Juliet Ashton, uma jovem escritora com falta de inspiração, que logo após a Segunda Guerra Mundial recebe uma carta de um membro da misteriosa Sociedade Literária de Guernsey, uma organização formada durante o período de ocupação nazi. Curiosa, Juliet decide ir até às ilhas de Guernsey e encontra-se com os excêntricos membros da Sociedade Literária da Torta de Casca de Batata. Entre os quais consta Dawsey, o intrigante agricultor que esteve na origem da carta.

Lily James é Juliet Ashton
Lily James é Juliet Ashton

A bela direção e roteiro de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

Mike Newell é um diretor de mão cheia e bastante versátil (de Quatro Casamentos e um Funeral, passando por Donnie Brasco, O Jovem Indiana Jones, indo até os ótimos Harry Potter e O Cálice de Fogo e Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo), imprimindo aqui uma sensibilidade singular ao retratar pequenos flashbacks durante a ocupação nazista e os efeitos recentes do pós-guerra em uma sociedade diretamente afetada por isso de diferentes maneiras.

O roteiro acerta ao deixar o romance óbvio como pano de fundo. Dá maior importância para a história particular de cada um dos personagens. Tanto os da sociedade literária, quanto os da pequena comunidade. O que tira essa obra do lugar-comum e a coloca num topo de excelência. Pois, acima de tudo, entende as pessoas com toda a empatia possível.

Grande parte do elenco de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata
Grande parte do elenco de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

E o elenco colabora muito nesse sentido…

Com a sempre doce Lily James protagonizando uma escritora de sucesso extremamente interessada pelas histórias dos outros, mais no sentido de um registro de tempo e importância, do que mera curiosidade jornalística.

Michiel Huisman, que sempre escolhe bem seus papéis, desenvolve uma ótima química com sua parceira de tela e apresenta um homem amargurado pelos eventos que viveu, mas que convive com tudo da maneira mais honesta possível, sem qualquer pieguice. Cabe então a Jessica Brown Findlay carregar a entidade trágica que move parte do enredo, enquanto Katherine Parkinson serve como coração da produção, ao lado de Tom Courtenay e Penelope Wilton, que fornecem nuances riquíssimas e compõem essa nova família que Juliet descobre no lugar mais improvável.

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Para fechar, Matthew Goode e Glen Powell fazem figuras masculinas nos entornos, que também não caem no lugar comum arbitrário do homem branco hollywoodiano, funcionando em seus próprios arcos. É claro que o longa não escapa de alguns clichês. Mas eles acabam por funcionar organicamente dentro da estrutura do gênero, justamente por desviar dos percursos mais óbvios.

Intercalando passado e presente, cada história individual preenche pequenas lacunas de uma vida interrompida. Assim, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata brilha com um enredo agradável, verdadeiramente emocionante. O filme não se perde em suas referências literárias, valorizando acima de tudo as histórias. Fictícias ou reais. São elas que sempre salvam vidas, afinal.

A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

Nome Original: The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society
Direção: Mike Newell
Elenco: Jessica Brown Findlay, Tom Courtenay, Michiel Huisman, Katherine Parkinson, Matthew Goode, Lily James
Gênero: Drama, História, Romance
Produtora: Amazon Prime Video
Distribuidora: Netflix
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