Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion
Animação investe em litros de sangue, mas esquece de todas as almas
Mais uma história narrando os conhecidos eventos do primeiro jogo de Mortal Kombat e da primeira vitória da Terra no torneio depois de 9 anos de derrota, só que dessa vez pelo ponto de vista de Scorpion, se baseando em seu background retrabalhado a partir da 4ª edição, com adesão de Quan Chi e menções a Shinnok. No mais, é a mesmíssima história vista no maravilhoso live-action de 1995, só que sem o mesmo brilho, sem qualquer paixão pelas figuras em tela e com um fiapo de roteiro feito nas coxas.
O trabalho técnico é sim acima da média, com animações fluídas, efeitos especiais impactantes e character design que poderiam servir para uma tão esperada série animada da franquia. Mas beleza não salva um filme sem história e, por mais que ela exista aqui, o fato do diretor Ethan Spaulding (que já esteve envolvido na animação de “Avatar: The Last Airbender”) esvaziar todos — todos, todos, todos — os personagens, empobrece e enfraquece o longa.
Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion
Com exceção de Scorpion (e sua incrível sequência inicial, a única que faz valer essa sessão), todos os demais são meros bonequinhos sem alma e terrivelmente estereotipados. Liu Kang não fede nem cheira, suas lutas são banais e no único momento que ele poderia fazer algo, quem finaliza é outro.
Johnny Cage parece um papagaio só repetindo coisas relacionadas ao cinema, sem graça e constrangedor (e nem luta de verdade, afinal só se salvou de Baraka por um desmoronamento). Sonya Blade é uma mulher truculenta e raivosa que não luta justamente em brigas de rua, mesmo que seu adversário já tenha se rendido. Raiden, Shang Tsung e os demais não encantam, não engajam, nem sequer assustam.
Que tristeza
A batalha de Scorpion contra Sub-Zero, que poderia ter sido o grande momento da trama, é relegada a alguns golpes preguiçosos, culminando numa morte banal. Desesperado, o diretor também tenta emular os efeitos de Fatality durante a animação, que são legais, mas sem o resto, ficam ali sobrando.
Com litros de sangue e ultraviolência que deveriam ser dignos de uma produção de Mortal Kombat e sua faixa etária, essa obra apenas parece feita por um moleque forçando a barra e tirando sangue de onde nem precisa mais. É uma violência juvenil, boba e jamais à altura da franquia.
Se o roteiro tivesse investido somente em uma história de Scorpion, sem colocá-la em paralelo com os demais, teria provavelmente funcionado melhor. Mas para isso, precisaria trocar de diretor também. É, melhor deixar essa ideia para lá. Uma cutscene tem mais conteúdo que A Vingança de Scorpion, afinal.