Águas Profundas
O diretor Adrian Lyne retorna para trás das câmeras depois de vinte anos de seu último filme (o tosco Infidelidade, de 2002), com um interessante thriller soft porn (do qual ele é especialista, vide Atração Fatal, a refilmagem de Lolita, Proposta Indecente etc), que adapta o livro de Patricia Highsmith, colocando Ben Affleck mais canastrão do que nunca (e que lembra um bocado sua atuação em Garota Exemplar, é bem verdade) e a sempre espetacular Ana de Armas, da qual tem muito do corpo e da linguagem física explorada pela câmera tentadora do cineasta.
A trama flerta o tempo inteiro com possibilidades de alguns crimes, até que explicíta os fatos, sem deixar as provocações de lado, já que o protagonista finge um casamento aberto, onde somente a esposa brinca com os “melhores amigos”, até um limite, quando ele retorna e os bota para correr (ou vai além).
Águas Profundas
A dinâmica inusitada se sustenta do começo ao fim, e a direção esperta de Lyne sabe explorar não só as curvas de seus personagens, como alguns ângulos que promovem o suspense, inclusive em pequenos momentos de ação.
Esse filme seria acima da média, se não investisse naqueles patéticos minutos finais, envolvendo uma desnecessária revelação, seguida de perseguição, com uma atuação horrível de um coadjuvante. É claro, momento tal que perdoamos e relevamos, sem deixar onerar toda a sessão. Mas Adrian e Águas Profundas poderiam ter passado sem essa. Mesmo assim, ainda vale seu tempo.