Alice in Borderland – 1ª temporada – Netflix

Ultraviolência é gameficada em série divertida e envolvente

Inspirada no mangá homônimo de Haro Aso, a história de Alice in Borderland mostra um grupo de amigos que vai parar em uma versão alternativa da Terra, em que precisam enfrentar perigosos jogos para sobreviver, enquanto tentam entender o propósito de tudo aquilo.

Eu não tive nenhum contato com o mangá e o anime da obra, portanto minha análise fica exclusivamente com essa adaptação, repleta de dinamismo, alto valor de produção, competentes efeitos especiais, boa fotografia e atuações, sendo uma das melhores adesões recentes do catálogo da Netflix.

Os escritores Yoshiki Watabe, Yasuko Kuramitsu e Shinsuke Sato (que também dirige os 8 episódios, de quase uma hora cada), conseguem traduzir muito bem o suspense, o drama e até os momentos de comédia de forma satisfatória, sem desequilibrar as sensações. Acenos para “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, são feitos aqui e ali de um jeito quase tímido, evitando obviedades.

Alice in Borderland

Alice in Borderland

Portanto, gosto de enxergar Alice in Borderland mais como uma mistura interessante das franquias “Jogos Vorazes” com “Jogos Mortais“, porque em essência, é exatamente isso que a série é, principalmente em sua primeira metade, onde os jogos de sobrevivência, inteligência e estratégia, envolvem mortes brutais e impactantes, e até mesmo emocionantes em certa medida. Os jogos são bem elaborados e tudo fica mais interessante quando compreendemos melhor suas regras, os níveis e os tipos (que tem correlações com as cartas de um baralho).

Aso, o autor, não perdoa seus personagens e deixa um rastro de sangue, matando inclusive quem menos se espera (George R. R. Martin se orgulharia!), mas tudo isso com planejamento narrativo e nunca mero melodrama, nem ao menos sua violência é gratuita, se justificando na premissa do começo ao fim. Além de todos os games, a série também é embalada por um mistério instigante (quem criou esse mundo? por quê? eles conseguirão sair de lá?), oferecendo algumas respostas pelo caminho, até o desfecho de gancho poderoso.

O que você vai encontrar?

Os personagens são cativantes, a começar por Kento Yamazaki como o protagonista Arisu, que passou toda a vida em letargia na frente do computador, até ter a “oportunidade” de mostrar que pode prestar pra algo e é sua empatia, mais do que sua inteligência, um dos motivos de gostarmos dele tão rapidamente. Keita Machida como Karube é quase uma versão de Kuwabara de “Yu Yu Hakushô“, portanto mais do que bem-vindo.

Nijiro Murakami como Chishiya consegue brilhantemente transmitir toda a incógnita de sua figura, enquanto que Tao Tsuchiya está apaixonante como Usagi (“coelho” em japonês… entendeu ou quer que eu desenhe?). Aya Asahina ficou divertidíssima como Kuina (e a surpresa por trás dela é bem legal). Também vale um destaque legal para os vilões da Milícia, repleta de caras que parecem saídos do mais puro purê de um anime.

Alice in Borderland, assim, consegue ser um mangá tridimensionalizado para um público que talvez tenha resistência com essa vertente e, bem provavelmente, vai encontrar aqui uma história que vale a pena acompanhar em carne, osso e muito, muito sangue.

Alice in Borderland

Nome Original: Alice in Borderland
Elenco: Kento Yamazaki, Tao Tsuchiya, Nijirô Murakami
Gênero: Ação, Fantasia, Mistério
Produtora: Robot Communications
Disponível: Netflix
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