Amazônia Groove, um doc musical

Esse é o típico documentário que não tem cara de documentário. Como assim? Quase uma hora e meia que passa voando de tão musical e fluido que é Amazônia Groove.

O filme aborda de maneira ampla, mas não superficial, a cena cultural que ocorre no entorno do Rio Amazonas, mostrando como a natureza é capaz de influenciar o comportamento das pessoas que ali habitam e, por consequência, como artistas lidam com a Música e outras expressões com a ligação fortíssima que sentem com toda aquela floresta cheia de energia.

Diversos nomes dão depoimentos bem sinceros de como entendem as melodias que escrevem e tocam, sempre demonstrando um enorme apreço por serem partes daquela região brasileira. O enfoque é na Música Paraense, que sabemos ser bastante rica e diversificada, entretanto, não temos a real noção de todas as suas possibilidades e até onde ela vai.

Amazônia Groove e todos seus ritmos

Há gente fazendo música instrumental apenas com violão; tem os que compõem canções para voz & violão; bandas que tocam em bailes para as pessoas dançarem a noite toda; tem quem mescla ritmos regionais com o rap e o rock; e, claro, os que flertam com a música eletrônica que deu origem, por exemplo, ao technobrega.

Tem até uns pesquisadores que vão mais fundo e gravam cantos de pássaros e harmonizam com seus instrumentos com o intuito de devolver à Natureza a música que ela nos oferece. Realmente, é fascinante o envolvimento que eles possuem com a Amazônia.

O diretor Bruno Murtinho tem um histórico forte com direção de videoclipes ainda na época da finada MTV Brasil. Realizou, por exemplo, trabalhos para O Rappa, MV Bill, Detonautas, KLB e Jota Quest. Por isso, soube fazer desse longa-metragem uma obra totalmente musical, o que vale demais assistir em uma sala de cinema. Não tem como ficar parado quando o som está rolando. Aliás, muitas vezes a música fala por si só.

Gosta de documentários?

Amazônia Groove certamente será por muitos anos uma fonte de pesquisa para quem quiser entender um pouco da Cultura paraense, inclusive por tratar de referências remotas de como a música se desenvolveu nos primórdios desde a chegada dos colonizadores até sua mistura com imigrantes em séculos posteriores.

O filme está na programação do Festival Ciranda de Filmes que vai de 23 a 26 de maio no Espaço Itaú de Cinema da Augusta. Mas também entrará em cartaz na rede a partir de 6 de junho.