Aqueles Que Me Desejam a Morte

É estranho notar que um exímio roteirista como Taylor Sheridan (que escreveu os dois excelentes Sicário e também foi autor e diretor do interessante Terra Selvagem), escorregue tanto a mão em sua segunda incursão na direção, que dessa vez se inspirava vagamente no livro de Michael Koryta (que também participa do roteiro ao lado do cineasta), sobre uma história que atira para todos os lados, mas não exatamente acerta em algo.

Então, em Aqueles Que Me Desejam a Morte temos uma testemunha de assassinato fugindo de dois matadores, uma especialista em sobrevivência sofrendo seus traumas e um grande incêndio nas florestas de Montana.

Aqueles Que Me Desejam a Morte

Aqueles Que Me Desejam a Morte

O elenco de peso é claramente mal aproveitado durante a rodagem. A protagonista de Angelina Jolie parece escondida em boa parte do filme e seu drama jamais recebe conclusão, assim como a rápida aparição de Tyler Perry como chefão do crime e que é ainda mais rapidamente esquecido pelo enredo.

Jon Bernthal e Medina Senghore servem como personagens de apoio com um arco próprio, mas que parecem estar ali mais pelo melodrama do que para um efeito narrativo efetivo. Nicholas Hoult e Aidan Gillen (que até a escrita desse texto eu acreditava ser Gary Oldman, dada a absurda semelhança entre ambos, ainda mais nessa caracterização) estão bem, nos papéis de vilões brutais — mas que, veja só, também nunca sabemos exatamente por que eles fazem o que fazem. Por fim, temos Finn Little, um prodígio que consegue segurar bem as pontas.

Aqueles Que Me Desejam a Morte

Disponível na HBO Max

Com ares de um neo-western noventista (à maneira de outro recente, Os Pequenos Vestígios), Aqueles Que Me Desejam a Morte nunca consegue fechar qualquer subtrama, mostrando que claramente sofreu durante a montagem (não é omissão proposital, mas sim buracos de edição).

De um lado, uma bela fotografia, do outro, efeitos especiais mal acabados. Sheridan, indo na contramão de outras histórias suas, usa e abusa do exagero: relâmpagos caindo num campo aberto como se atirados por um deus, um brutal acidente de carro que deixa uma pessoa ilesa, assassinos que botam fogo numa floresta apenas pra apagar um vestígio, chamas que parecem perseguir suas vítimas — tudo aqui parece saído de um filme de fantasia, justamente o escopo oposto da proposta.

Mesmo com todos esses problemas, o filme ainda rende uma sessão descompromissada (com uma ou outra cena de ação impressionante), se o espectador perdoar os diversos furos. Resta saber se em tempos de inúmeras opções nos streamings, alguém perderia seu tempo por aqui.

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