Breve História do Planeta Verde

Quando a avó de Tania (Romina Escobar) morre, ela fica sabendo que a senhora passou seus últimos anos na companhia de um alienígena. O último pedido da avó é que o alienígena seja devolvido ao lugar onde ele foi encontrado.

Tania e seus amigos, Pedro (Luis Soda) e Daniela (Paula Grinszpan) saem em uma jornada para realizar o pedido da senhora.

Fantasia e realidade

Breve História do Planeta Verde é um filme que mistura fantasia e realidade. O filme se passa nesse universo e o que acontece na trama segue as leis que conhecemos, mas ele consegue enquadrar pequenos momentos fantásticos, como por exemplo, a existência do alienígena e, mais do que isso, o fato de que ele era um amigo que viveu com a avó da protagonista por anos.

O filme tem também personagens LGBTQIA+, o que também diz respeito ao mundo real. Tania, a protagonista, é uma mulher transgênera, Pedro é um homem gay, e isso está claro desde o começo, porém as histórias deles não circundam nesse aspecto de suas vidas, essas questões são completamente irrelevantes dentro do longa. O que importa mesmo é a jornada desses amigos para levar o alienígena de volta ao lugar onde ele foi encontrado.

Naturalização

Um ponto interessante de Breve História do Planeta Verde é como ele naturaliza tudo que coloca em cena. Isso acontece, como deve ser, com as sexualidades dos personagens, que não são exploradas e nem são os principais temas do roteiro, mas também com a existência do alienígena.

Tania e os amigos nem parecem vagamente chocados quando descobrem que alienígenas existem e nem parecem pensar muito no fato da avó dela ter mantido um deles dentro de casa por anos. A partir daí, é claro que a proposta da viagem para levar o alienígena de volta também não soa nem um pouco absurda e não é questionada pelos três em momento algum.

Aliás, nenhum outro personagem do filme que fica sabendo da existência do alienígena – ou da sexualidade dos personagens – parece surpreso, incomodado ou assustado. É fácil pensar que a ideia do diretor Santiago Loza seja normalizar uma questão fantástica para se questionar por que a sociedade ainda rechaça e não normaliza pessoas LGBTQIA+.

Aspectos técnicos de Breve História do Planeta Verde

Fica claro que este é um filme pequeno, com orçamento baixo, mas isso não é um problema para o longa, que se sai bem com o que tem. Como trabalha com questões fantásticas, que talvez precisassem de efeitos especiais, muitas vezes ele mais insinua do que mostra, mas o alienígena de fato aparece em cena e é muito crível.

As atuações, principalmente dos três personagens principais, são muito naturais, sem exageros, como se estivéssemos acompanhando a vida comum deles, apesar de eles estarem fazendo coisas fabulosas e nada comuns.

Breve História do Planeta Verde, no entanto, é um filme um pouco lento, sem muitos acontecimentos. O que acompanhamos é basicamente os personagens levando o alienígena para o lugar onde ele foi encontrado, ainda que no final do filme, algumas reviravoltas sejam expostas.

O filme se diferencia de outros do gênero justamente porque tem esse alienígena que não é em momento nenhum rechaçado, explorado, temido ou sequer alvo de curiosidade, ele apenas existe e é aceito por todos, o que soa como uma grande metáfora para a LGBTQIA+Fobia.

Breve História do Planeta Verde não é uma ficção cientifica, embora use de vários elementos do gênero, mas o filme é bem nichado e possivelmente não vai agradar o grande público, mesmo que seja bem criativo e diferente. Breve História do Planeta Verde chega aos cinemas no dia 1 de dezembro.