Calmaria, um filme praticamente neo-noir
Em Calmaria, o capitão de um barco de pesca, Baker Dill (Matthew McConaughey) vive em uma pequena ilha no Caribe e não gosta de falar sobre o seu passado. Até o dia em que Karen (Anne Hathaway), uma mulher misteriosa, aparece na cidade, com um pedido extremamente perigoso para Dill.
A vida na ilha
Calmaria se passa em uma pequena ilha onde todos se conhecem. Baker Dill, o protagonista, chegou há pouco tempo no local, mas ele já está completamente imerso na rotina do lugar. Em determinado momento do filme, ele até comenta que tem a sensação de que está na cidade a vida inteira.
Ao longo do filme, vamos percebendo que Dill guarda traumas do seu passado e por isso é um homem amargurado que se entrega a bebida facilmente mas, inclusive isso, parece uma rotina previsível para os moradores da cidade.
A calmaria do título também fala sobre a cidade onde o filme se passa. Uma cidade onde todos se conhecem, a violência tende a ser menor, e a rotina é pré-estabelecida. Claro que no filme isso tem uma importância maior do que na vida real. A calmaria que acompanhamos no começo do filme muda completamente quando Karen aparece na cidade, mexendo com os rumos daquele lugar e da vida de Dill.
Uma espécie de filme noir
Calmaria é um filme de suspense, mas em muitos momentos ele pode ser entendido como um filme noir. Temos um protagonista que tem defeitos morais e eventualmente sucumbe a seus vícios; um homem (Jason Clarke) que consegue ser pior que o protagonista; uma cidade pequena, cheia de segredos; algumas reviravoltas e uma femme fatale que movimenta a história.
A história se passa nos dias de hoje, por isso o filme não pode ser considerado um noir clássico, e sim, um neo noir. Essa sensação fica mais clara depois que notamos que a tecnologia tem um papel bem importante na trama. É verdade que Calmaria tem um ponto de virada, e a primeira parte do filme prende o público, mas a reviravolta não é tão interessante quanto poderia ser e a segunda parte do filme é bem inferior a primeira.
Em determinado momento do longa, o espectador começa a se questionar que tipo de filme ele está assistindo. Além disso, o longa é um pouco prepotente, especialmente quando começa a explicar o que está acontecendo na história. A sensação no final do filme, não é de que você não entendeu, mas sim de que o filme não tem um bom desfecho. Embora ele tente de todos os jeitos.
Aspectos técnicos de Calmaria
Embora a trama de Calmaria não seja especialmente interessante, os aspectos técnicos são bem feitos. O filme é repleto de cenas que mostram o mar, que são especialmente bonitas, e que fazem o espectador se sentir dentro do filme. Também assistimos a diversos peixes e animais aquáticos que são feitos no computador, mas que são bem realistas.
Grande parte do trabalho dos atores também está muito bem, especialmente o de Jason Clarke e o de Anne Hathaway, que está completamente imersa no papel. Além do elenco principal também estão no filme Djimon Hounsou e Diane Lane.
O filme também aborda temas importantes e que falam diretamente com os dias de hoje, como a violência doméstica e a violência contra a mulher. Embora o filme não trate exatamente disso, esse é um aspecto importante na trama. Mas mesmo assim, o filme não deslancha como deveria.
Calmaria é um filme que almeja demais, mas que não tem fôlego para ir tão longe quanto deseja. O resultado é um filme que não consegue segurar o público por muito tempo e que apresenta uma trama mediana e até meio boba. O filme entra em cartaz no dia 28 de fevereiro.