Camelot, a lenda de Arthur em formato musical
Em Camelot, Arthur (Richard Harris) é um jovem rei que está prestes a se casar com Guinevere (Vanessa Redgrave). Os dois não se conhecem, mas logo começam a gostar um do outro. Também é ela que sugere a Arthur a criação da Távola Redonda, que iguala todos os cavaleiros.
As coisas vão bem entre os dois, até que a fama da Távola Redonda atrai Lancelot Du Lac (Franco Nero), um cavaleiro disposto a servir Arthur, que se apaixona por Guinevere e é retribuído.
A origem de Camelot
Em 1959, Alan Jay Lerner (responsável pelas peças Gigi e My Fair Lady) e Moss Hart queriam adaptar a lenda do Rei Arthur para um musical. Para isso eles decidiram se inspirar na série de livros de T. H. White, O Único e Eterno Rei (que também inspirou A Espada Era A Lei). Camelot surgiu dessa ideia.
A peça estreou na Broadway no ano seguinte com um grande elenco que incluía Richard Burton como Arthur, Julie Andrews como Guinevere e Robert Goulet como Lancelot. Mais tarde, houve algumas trocas no elenco. William Squire substituiu Burton e Patricia Bredin, Kathryn Grayson e Janet Pavek chegaram a substituir Andrews. A montagem original da Broadway foi indicada a cinco Tonys e ganhou quatro.
A lenda Arthuriana
Camelot não se diferencia muito de algumas das ideias mais famosas nas lendas de Rei Arthur. Embora o filme corte alguns personagens e simplifique algumas tramas. O longa nos apresenta vários elementos clássicos que são de conhecimento da maioria das pessoas, mesmo as que não conhecem ou não pesquisaram muito sobre o tema, assim como a Távola Redonda e o triângulo amoroso entre Arthur, Guinevere e Lancelot.
Esses dois aspectos, assim como a queda de Camelot e a vilania de Mordred (David Hemmings), filho único de Arthur, estão presentes em grande parte das versões das lendas Arthurianas.
Nesse aspecto, Camelot não é uma grande adição às obras inspiradas nas histórias do Rei Arthur. Afinal, não acrescenta nada muito novo e nem é a melhor adaptação da lenda que existe. O seu grande diferencial é o fato de ser um musical.
Merlyn
Sempre que se fala em Rei Arthur é quase natural que se pense em Merlyn, outro famoso personagem das lendas. Neste filme seu nome tem uma grafia um pouco diferente, mas ainda é o mesmo personagem.
No entanto, Merlyn (Laurence Naismith) não tem um grande protagonismo. A trama se passa em um período em que Merlyn está preso em uma caverna por Nimue (em algumas versões ele é aprisionado por Morgana). Esse é um elemento que aparece na peça, mas que não está presente no filme. Ou seja, essa informação só é clara para quem já conhece a lenda.
É impossível contar a história de Arthur sem Merlyn, mas em Camelot o mago tem um papel bem secundário, deixando muitos dos problemas para Arthur resolver.
As músicas
Camelot tem na sua trilha sonora músicas compostas só para a peça, que mais tarde foram usadas no filme. Entre essas músicas estão I Wonder What the King is Doing Tonight, Camelot and the Wedding Ceremony, The Lusty Month of May, C’est Moi, How to Handle a Woman e If Ever I Would Leave You. Follow Me, que na peça descreve o momento em que Nimue seduz Merlyn para aprisioná-lo na caverna, aparece no filme, mas com uma letra e um sentido completamente diferentes.
As músicas são interpretadas pelos atores como em um musical clássico e fazem parte do filme como se fossem falas. Por outro lado, diferentemente de musicais mais modernos, com músicas e coreografias inspiradas pelo jazz, Camelot apresenta músicas mais clássicas, que lembram uma ópera, o que faz todo sentido quando pensamos no tema do filme.
O legado de Camelot
O legado das lendas Arthurianas é indiscutível, até os dias de hoje ainda existem adaptações literárias, cinematográficas (é o caso dos recentes Rei Arthur: A Lenda da Espada e O Menino Que Queria Ser Rei) e televisivas. Camelot, por sua vez, também tem um legado considerável.
Depois de sua estreia na Broadway, Camelot chegou ao West End, em 1964. Depois do lançamento do filme, Richard Burton voltou ao seu papel de Arthur no revival de 1980, e Richard Harris fez a mesma coisa em 1981.
Em 2007, Camelot voltou aos palcos, dessa vez com Michael York (de Cabaret) no papel de Arthur. No ano seguinte, Camelot trouxe Gabriel Byrne como Arthur e Christopher Lloyd como Pellinore, um dos cavaleiros de Arthur.
A trilha sonora de Camelot, gravada pelo elenco original da Broadway, estava entre as músicas favoritas de John F. Kennedy. Ele costumava escutá-la antes de dormir. Assim, não é à toa que o período de Kennedy na casa branca ficou conhecido como “a era Camelot”.
Camelot é uma versão diferente das lendas Arthurianas e está aí para provar o quanto a trama de Arthur é universal e atemporal, até mesmo quando cantada.