Como Treinar o Seu Dragão 3, lágrimas vão rolar
Como Treinar o Seu Dragão 3 é exatamente aquilo que você esperava ver. Por isso, prepare os lenços antes do fim. Depois de duas obras-primas da animação moderna, com histórias que mesmo seguindo uma jornada do herói, traziam junto da progressão de seu protagonista um aprendizado mais realista e honesto, seja na perda de um membro, seja através da morte mais improvável de todas, o terceiro filme da franquia não consegue superar os dois primeiros. Por outro lado, não faz feio e entrega um desfecho honesto e tocante.
Ainda que no mundo real tenham se passado quase 5 anos, dentro do enredo passou-se apenas um ano desde que Drago chegou com seu alfa. Agora, sem muita criatividade para vilões, somos apresentados a outro caçador de dragões, Grimmel, que além de contar com quatro criaturas escorpiontes, ainda carrega um pouco mais de carisma, junto de uma obsessão em exterminar Fúrias da Noite.
Aliado a outros três caçadores (que diferentemente dele, querem traficar os animais, ao invés de matá-los), o homem arma uma estratégia para desmontar a sociedade de Berk, a medida que envia um infiltrado no grupo para desestabilizar as coisas. E tudo o que ele planeja, ele consegue.
Como Treinar o Seu Dragão 3
Soluço e seus amigos estão mais maduros, assim como a relação com seus dragões continua linda e divertida. Todos os demais elementos da franquia se repetem aqui. Há momentos pontuais de comicidade, insinuações implícitas (como o casal gay que passa a se formar entre Bocão e Eret), sequências de voo e ação visualmente espetaculares, além de pequenas reviravoltas que miram o seu emocional.
Dessa maneira, o roteiro faz uso de um pequeno retcon através de um flashback entre Estoico e seu filho ainda criança, para estabelecer a lenda de um local conhecido como Mundo Escondido, que o protagonista entende como a solução final e utópica para a convivência dos humanos com os dragões.
Ao mesmo tempo, conhecemos a Fúria da Luz, que resgata sensações do primeiro filme, de toda aquela fofura que só os dragões (pensados em grande parte como animais domésticos… portanto, é evidente que os Fúrias, pelo menos, são claramente gatos) são capazes de fornecer. E muito antes do segundo ato, eu já tinha sacado a resolução e até mesmo o epílogo da trama. Não que o esperado desfecho importe, mas tudo culmina para aquilo. Afinal, a natureza tem de seguir o seu curso, e a lição maior que a franquia sempre quis passar, além de se aliar com as feras (ao invés de caçá-las ou prendê-las), é também de permitir a elas a liberdade em seu sentido mais puro.
O Caminho para Eldorado – outra animação Dreamworks
Por isso, por mais que o Como Treinar o Seu Dragão 3 não alcance a excelência dos dois primeiros (que nenhuma outra animação do gênero consegue alcançar mesmo, então tudo bem) e por mais que seu término seja inevitável e perceptível antes de chegarmos a ele, é a experiência da trilogia que valeu uma vida em uma década, da relação que existe entre homem e o seu animal (e só quem tem um é capaz de compreender a dor que vai se formando antes que tudo acabe), do cuidado com as espécies em extinção, e de um amor honestamente formidável entre dois melhores amigos, Soluço e Banguela, que vai te levar aos prantos antes do fim. E você não vai parar por aí, porque uma história termina, mas nunca acaba, e as lágrimas continuam a rolar.
Inclusive agora, veja só. :'(