O Confeiteiro, uma história de amor e comida

O Confeiteiro é um filme israelense-alemão, dirigido por Ofir Raul Grazier.

Depois que Oren (Roy Miller) morre, seu amante Thomas (Tim Kalkhof), um confeiteiro alemão, viaja até Jerusalém para encontrar a esposa (Sarah Adler) e o filho de Oren. Thomas então, acaba trabalhando no café dela.

A comida que une

A comida é um ponto extremamente importante na trama de O Confeiteiro. Thomas, como o próprio nome do filme já diz, é um confeiteiro extremamente talentoso. Já Oren e a esposa Anat são donos de um café Kosher em Jerusalém.

Thomas, o confeiteiro
Thomas, o confeiteiro

Thomas conhece Oren porque em uma viagem para a Alemanha, ele passa na confeitaria de Thomas e pede uma sugestão de presente tipicamente alemão para levar para seu filho, que está Jerusalém. Thomas sugere os biscoitos que ele mesmo prepara.

A partir daí, os biscoitos viram uma tradição na família de Oren. Ao mesmo tempo que a relação entre Thomas e Oren se desenvolve.

O confeiteiro em terras estrangeiras

Mais tarde, depois que Oren morre, Thomas vai até Jerusalém atrás da família do amante. O confeiteiro alemão passa algumas tardes no café deles, experimentando alguns dos quitutes que Anat serve. Ele tanto frequenta o lugar, que acaba contratado como ajudante.

A relação de Thomas e Anat é baseada na perda
A relação de Thomas e Anat é baseada na perda

Como já manda a tradição, no aniversário do filho de Oren, Thomas prepara seus biscoitos, que acabam agradando tanto Anat que ele passa a vendê-los no café da família.

Assim, a comida em O Confeiteiro não é simplesmente uma forma de se alimentar. Ela representa muito mais. Primeiro de tudo, é uma forma de sustento. Tanto para Thomas, quanto para a família de Oren. Também representa a sedução, seja a de Thomas e de Oren, ou a de Thomas e de Anat.

A comida também é uma ótima forma de conhecer novas pessoas no universo do filme. Thomas e Oren se conhecem em função dos biscoitos que ele prepara. Já Thomas e Anat se conhecem em função da comida que ela prepara. Os biscoitos de Thomas também são uma forma de agradar e agradecer Anat e seu filho. E claro, em uma interpretação mais comum, a comida também é uma forma de lidar com o luto, que une esses três personagens.

O filme é repleto de cenas de comida
O filme é repleto de cenas de comida

Um triângulo amoroso diferente

Seria muito simplista definir O Confeiteiro como um filme LGBTQ+, isso porque esse é só um aspecto da trama, que nem é tão importante assim.

Oren se relaciona com Thomas e mantém um casamento com Anat. O curioso é que ele não parece insatisfeito com nenhuma das duas relações. Thomas não é só um passatempo ou só uma curiosidade e Anat não é só um casamento de fachada do qual ele já está cansado.

Tim Kalkhof em cena do filme
Tim Kalkhof em cena do filme

Thomas, por outro lado, mantém esse caso com Oren e diz que jamais conseguiria ser como ele, que mantém as duas relações, mas pede com frequência detalhes sobre as intimidades entre Oren e Anat.

Depois que Oren morre, Thomas sai à procura de sua viúva, numa tentativa vã de preencher o vazio que seu amante deixou. Por um tempo, isso é suficiente para ele.

O Confeiteiro mostra um triângulo amoroso bem estranho, quase disfuncional, onde o principal aspecto não é o sexo e talvez nem o amor, mas sim a tristeza e o abandono.

Oren e Thomas
Oren e Thomas

Se o amor entre Thomas e Oren era real e o amor entre Oren e Anat também, a relação entre Thomas e Anat é baseada apenas na falta de Oren. No entanto, o filme não mostra isso de maneira depressiva ou triste, mas de uma maneira delicada e bonita.

Longe de ser um filme repleto de cenas de sexo, sejam homossexuais, sejam heterossexuais, O Confeiteiro parece nem querer levantar bandeiras. O filme está mais preocupado em falar da relação entre as pessoas, não importa de que maneira elas aconteçam.

A comida é uma parte importante do filme
A comida é uma parte importante do filme

Aspectos técnicos

O Confeiteiro é um filme que é mais parado do que os filmes americanos, por exemplo. Nada mais natural, já que é um filme israelense-alemão. Os cortes mais lentos podem desagradar quem não está acostumado com o estilo, mas combinam muito com o longa e não ficam entediantes. O filme flui muito bem e a história é extremamente interessante.

Não é porque é mais parado que ele não tem seus pontos de virada ou suas reviravoltas. Elas aparecem e algumas vezes são realmente surpreendentes.

Outro ponto positivo de O Confeiteiro é que somos apresentados a alguns elementos da cultura judaica, já que o café da família de Oren só serve comida Kosher.

Anat
Anat

O elenco também está muito bom e bem sincronizado, tornando o filme realista e verdadeiro.

A fotografia é clara e limpa, talvez para combinar com a grande quantidade de comida que aparece durante as cenas. Em alguns momentos, as cores do filme, lembram programas de culinária, tão comuns nos dias de hoje.

Thomas e a família de Oren
Thomas e a família de Oren

Comidas, aliás, lindas. É impossível assistir O Confeiteiro e não sair com vontade de comer pelo menos um daqueles doces maravilhosos que o filme mostra sem o menor pudor. Este é um filme delicado, que fala sobre o luto e a sensação de amor que a comida proporciona. Entra em cartaz no dia 27 de dezembro.

O Confeiteiro

Nome Original: The Cakemaker
Direção: Ofir Raul Graizer
Elenco: Tim Kalkhof, Sarah Adler, Roy Miller, Zohar Shtrauss, Tamir Ben Yehuda
Gênero: Drama
Produtora: Laila Films, Film Base Berlin
Distribuidora: Imovision
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