Castlevania, um enredo para meia história
Não faz muito tempo que nos deliciamos com a notícia e o trailer de Castlevania, em versão anime, direto no serviço de streaming Netflix, que tem mostrado excelentes produções nos últimos anos. Como em um estalar de chicote, Castlevania surge mostrando bons traços e uma ambientação coerente, em um formato que faz qualquer fã da série levantar da cadeira e sair exorcizando demônios.
Baseado em Castlevania III, de 1990, a trama é ambientada em 1476 onde o anime nos apresenta Lisa Tepes (Emily Swallow), uma camponesa que vai até o castelo de Drácula a procura de conhecimento para curar o seu povo e ali, diante da não-fragilidade daquele ser humano ou enxergando através de suas boas intenções, Drácula acaba por tê-la como sua esposa e transmite seus conhecimentos avançados para época para a jovem, que viria a ser queimada pela igreja acusada de bruxaria e que até o último momento clama por perdão a raça humana e sua ignorância.
Se a relação de esperança gerada por aquela garota fez adormecer o lado sombrio de Drácula, sua morte acaba por ser responsável por despertar a ira que há anos estava guardada no coração do vampirão e os elementos que virão a tona para demonstrar sua capacidade de proliferar o mal são vastos, tornando a animação muito mais do que duelos de espadas contra garras. Drácula reage diante da atrocidade cometida com sua companheira se manifestando como o verdadeiro mal e colocando esse sentimento em cada um dos personagens da história.
As ações das pessoas e da própria igreja levantarão por diversas vezes questionamentos no espectador, quando diante de um período de censura, punições e queimações de pessoas relacionadas a magia, é difícil não se questionar sobre o que é certo e o que é errado, ou ainda, o que é de fato a manifestação do poder divino. Essa relação é claramente exposta na animação, trazendo muitas vezes respostas, que certamente caberiam aquela situação ou personagem. Para ajudar nesse aspecto temos Trevor Belmont (Richard Armitage), que como último membro vivo da casa dos Belmont, uma família de caçadores excomungada pela igreja, deve conviver com sua “herança”, o fardo de ser odiado por todos pelos rumores espalhados de que caçavam utilizando poderes sobrenaturais provindos do inferno.
Trevor chega na animação como que vindo de alguma outra história, cansado de problemas e em umas espécie de férias eternas, onde só quer ir avançando de cidade em cidade, sem se preocupar com seus problemas ou em expor os seus próprios. Com os ataques das horlas de Drácula, com a chegada de Sypha Belnades (Alejandra Reynoso) e os Speakers (uma ceita religiosa que pede por sua ajuda), Trevor vê em tudo aquilo a oportunidade de honrar sua família novamente, de lutar ao invés de fugir, e o processo para chegar até isso é bem demonstrado, em meia dose de despojamento, meia dose de batalhas que a vida trouxe, quer queira quer não, senhor caçador de demônios.
E quando você achava que ali já tinha história para mais de metro, surge o último personagem do nosso trio que virá a combater Drácula e sua horla de demônios afim de impedir a destruição da raça humana, Alucard, que é só o filho de Drácula e que não está muito contente com as decisões de seu pai. O confronto pai e filho é também um duelo entre luz e trevas, enquanto Alucard (se ta ligado que é Drácula ao contrário né?) acredita na fé de sua mãe na humanidade, seu pai acredita que as ações monstruosas cometidas por esses só pode ser impedida com o seu extermínio. Sua última tentativa não foi suficiente para impedir os ataques que começam a destruir cidades, mas novamente desperto e agora na companhia de dois fortes aliados, eles partirão rumo a enfrentar o mal que assola nosso mundo.
Fim! É isso aí! Legal né? Não! Como se a vida tivesse tempo para beta, o anime conta com quatro episódios que mal enchem o buraquinho do dente. É compreensível claro, que gerar a ansiedade nos fãs seja importante ou ainda que se dê o tempo de produção certo, para que se tenha resultados de qualidade e por aí vai. Entretanto, oferecer a segunda temporada somente em 2018 foi apostar em paciência demais. É começar a se deliciosa com a pipoca e perceber que da metade para frente só tem ar no saco…
Fiquei com vontade de reunir minha própria equipe de caçadores e ir atrás de quem teve essa geniosa ideia, mas aí eu lembrei que para quem não tem nada, metade é dobro. Mas que diminui a dosagem, isso diminui…
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