Death Note – Iluminando um Novo Mundo

Quando foi adaptado dos mangás para o anime, Death Note teve um aumento gigantesco em sua legião de fãs, afeitos aos mistérios e estratégias que a história oferece e que prende aqueles que se deixaram levar pelos primeiros passos do livro da morte. Foram 3 anos de publicações do mangá homônimo escrito por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata, 37 episódios do anime e mais recentemente tivemos alguns lançamentos de light novels, mantendo as canetas ocupadas e levando os shinigamis a um outro tipo de mídia. Ou seria o contrário?

O primeiro filme antecede a adaptação para anime no Japão, criando uma espécie de transição entre o final da publicação do mangá e as novas publicações de Anime que viriam a ocorrer na sequência. Justamente o filme que colocaria Codigo da Vinci em segundo lugar nas bilhetes e que teria uma continuação no final do mesmo ano, Death Note: The Last Name, completando o enredo e fechando o ciclo de mortes e confrontos, até então. Dois anos depois estaríamos diante de um spin-off, L: Change the World, que em 2008 mostrou os últimos dias de L e suas ações como detetive. O sucesso da franquia faria que de lá para cá, os anime não parasse de receber novos fãs e consequentemente abrindo novas oportunidades de produção que depois de 9 anos começam a surgir.

Entre duelos de produtoras, Death Note foi parar na mão da Netflix e provavelmente você ouviu as notícias recentes e a polêmica sobre as escolhas dos atores e a qualidade da produção vista no trailer. Mas enquanto o final de Agosto não chega, vamos falar do último filme japonês lançado, Death Note: New World, que traz um enredo original levando a história a dez anos depois dos últimos acontecimentos conhecidos e dando a oportunidade dos fãs de curtirem uma extensão do seu anime favorito, uma grande sacada da JBC em trazer o filme para o Brasil e o Cinemark em disponibilizá-lo, mesmo que em seção única, no dia 2 de Agosto de 2017.

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Na história, dez anos após os feitos de Kira os shinigamis recebem a ordem de encontrar outro ser humano igual e para isso seis Death Notes são espalhados pela Terra. Dessa forma, pessoas diferentes começam a ter contato com o livro e tomar ações de acordo com seus interesses e culturas, genocídios começam a se espalhar pelo mundo todo e então uma força tarefa especial é criada para pegar o novo assassino e parar com as mortes.

Enquanto vão surgindo os diferentes Death Notes espalhados, o filme desenvolve as personalidades dos possuidores dos livros e além dos novos personagens traz aparições já conhecidas como Misa Amane (Erika Toda), Tōta Matsuba (Sota Aoyama) e até mesmo L, de alguma forma. Com a capacidade de matar mentalizando o rosto e escrevendo o nome do indivíduo no livro, seria necessário alguém que pudesse enfrentar esse tipo de ameaça e então surge o sucessor de L, Ryūzaki (Sosuke Ikematsu), que junto com Tsukuru Mishima (Masahiro Higashide) e uma equipe utilizará de inúmeras estratégias para vencer os portadores, um a um.

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Um dos portadores é um cyber terrorista o que traz a estratégia de usar de ataques digitais a trama, fazendo com que a light novel traga o anime a uma realidade mais atual, porém a maneira como isso surge na tela com aqueles frases do tipo kernel stop, boot, loading com letras se misturando coloridas não convence. Muito menos essa coisa de apertar um botão e pronto, todos estão infectados. Calma aí Mr. Robot!

Aproveitando, é extremamente esquisito que a maior parte dos problemas do filme ocorram justamente na liberdade do autor, que seria julgado pela continuação original da série mas que deixa contradições exatamente nesses novos elementos inseridos, o que vai fazer você se coçar na cadeira de vez em quando.

Começando por um outro portador apresentado no inicio do filme, um médico, que deveria trazer o drama e o peso da vida e que tem o conhecimento para permitir o descanso de seu paciente ali na frente, mas prefere escrever o nome do cara no Death Note e ver o que acontece. Suas próximas ações matando pessoas com tendências suicidas também geram dúvidas e você não vai ver o shinigami dele, aliás, você não verá muitos.

Apesar da qualidade de animação dos senhores da morte, ainda não entendi porque só surgiram metade deles no filme: Arma, Borus e o manjado Ryuko. Sendo a primeira responsável pelo maior drama do filme todo e talvez as poucas cenas de comédia ocorram nos dois minutos distribuídos onde Ryuko aparece, nas outras cenas se você estiver rindo é por que você percebeu alguma coisa estranha na cena e admito ter me divertido com isso.

O diálogo e a estratégia entre os portadores de Death Note pode ser interrompida com um Helicóptero metralhando tudo na cena, menos as pessoas. Situação aceitável, diferente da rajada de fuzil nas costas do indivíduo que não o mata, sendo prosseguido de uma cena desnecessária de alvejamento. Você vai assistir inúmeros policiais caírem no chão como batata e evitarem atirar de uma maneira sobrenatural nos indivíduos que em pé, anotam seus nomes nos cadernos mortíferos, situação difícil de ser compreendida diante da seriedade que o filme tenta transmitir pelos genocídios que ocorrem agora em escala global.

Colocar diversos portadores e incentivar o confronto entre eles é uma grande sacana, situação que parece ter sido extraída do anime Mirai Nikki, onde os cadernos são substituídos pela capacidade de se ver o futuro. Entretanto, metade desses indivíduos terá sua história e ações resumidas, fazendo com que a light novel se foque em alguns personagens específicos, diminuindo as possibilidades e trazendo estratégias que são basicamente as mesmas usadas anteriormente no enredo original.

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Claro que a característica principal da série se mantém, trazendo reviravoltas contínuas e situações inesperadas, que se entrelaçam na tela e muitas vezes podem confundir, devido ao pano de fundo incoerente que insiste em aparecer em grande parte do roteiro mas que dá para engolir, mostrando que essa de fato é uma história para continuação de Death Note, que vai além das adaptações para trazer algo original nas telonas para os fãs. Difícil descer mesmo é ter percebido que ali no final deram pano para uma continuação, alguém tem uma caneta aí?

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