Crítica: Demônio de Neon

Qual é o custo da beleza e do sucesso? Este é o tema central do filme “Demônio de Neon”, produção dirigida pelo diretor Nicolas Winding Refn, um diretor que não possui uma cartilha de filmes expressivos e que, aqui, não demonstra muito potencial para criar essa exceção.

A trama gira em torno de Jesse (Elle Fanning), uma garota de 16 anos recém chegada à Los Angeles que nutre o sonho de ganhar fama como modelo. Dotada de uma invejável beleza natural, somada à um certo grau de inocência, a jovem se vê inserida em um universo da moda marcado pela disputa de ego e o narcisismo desvelado.

O filme demonstra ser uma tentativa de ser uma espécie de ode à vaidade e a superficialidade, mas não demonstra ter muito êxito nesse quesito por pelo menos 3/4 da produção. As cenas correm em um ritmo lento e profundo que contribuem para a emersão no filme, assim como o uso de cores vibrantes e dos efeitos estroboscópicos, que entram como reforço para captação da atenção do público, mas parece que o diretor contou apenas com esses recursos para que a movimentar a história, esquecendo-se do roteiro.

A morosidade na progressão de cenas e dos diálogos, muitas vezes rasos, transmitem a impressão de que o longa não reserva grandes avanços na trama, transformando-se em um teste de paciência. No meio do caminho surgem algumas cenas que tentam quebrar essa marcha de elefantes, mas que no fim maculam ainda mais o roteiro e abrem espaço para questionar aonde o diretor queria chegar com esses cortes.

Elle Fanning começa bem e mantém a qualidade da atuação em boa parte do filme, salvo alguns poucos momentos em que exprime pouco esforço (ou pouca confiança) em ser convincente, momentos esses cruciais para mostrar o desenvolvimento da personagem de forma competente. A atriz conta ainda com o reforço de Keanu Reeves (“Matrix”, “Constantine”), em talvez a sua participação menos expressiva no cinema, e da atriz Jena Malone (“Sucker Punch: Mundo Surreal e “Jogos Vorazes: Em Chamas”), mostrando, mais uma vez, seu grande potencial  artístico.

O ponto alto do filme chega tarde, mas realmente impressiona, confirmando a intenção do ponto de crítica do diretor. Pena que é mostrado de tal forma que, pensando bem, daria para pegar algumas cenas no filme e “linkar” com o final, fazendo um vídeo com, no máximo, 20 minutos de duração e veiculá-lo no youtube. Talvez o impacto seria maior assim como o alcance de público, fator este que não dá para se permitir ser muito otimista.

É um filme que prende a atenção mais pelos truques de fotografia e iluminação do que pelo enredo.  O endeusamento da beleza da protagonista a coloca [a beleza] no patamar de praticamente um super poder, o que é muito válido tratando-se do contexto do filme, mas os diálogos e interpretações dos atores que expressam essa “adoração” são pouco argumentativos, tendo que lançar mão do impressionante para realmente vender essa ideia ao público.

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*Agradecimento Especial: Imagem Filmes

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