Dançando no Escuro, um drama musical de Lars Von Trier
Dançando no Escuro conta a história de Selma Jezková (Björk), uma imigrante tcheca que vive nos Estados Unidos. Ela trabalha em uma fábrica da indústria metalúrgica e guarda todo o seu dinheiro com um propósito bem claro. Selma sofre de uma doença degenerativa que a está deixando cega, por isso ela economiza para que seu filho Gene (Vladica Kostic) possa fazer uma operação que evite que ele também fique cego.
No seu tempo livre, Selma vai ao cinema com sua amiga Kathy (Catherine Deneuve), onde assistem a musicais. Kathy imita os movimentos das danças nas mãos de Selma para que ela entenda o que acontece em cena. Sua adoração por musicais faz com que Selma entre em um “transe” onde as pessoas dançam e cantam, toda vez que se vê em um momento difícil.
Um dia, o vizinho Bill (David Morse) rouba o dinheiro que Selma guarda. A partir daí, uma sucessão de tragédias parece se abater sobre a vida da moça.
Tragédia
Diferentemente da maioria dos musicais, Dançando no Escuro é também uma tragédia. É verdade que muitos musicais partem de uma tragédia para então se desenrolar em um final feliz ou ao menos divertido. Mas esse não é o caso de Dançando no Escuro.
Aqui temos uma tragédia do começo ao fim, como acontece com frequência na filmografia de Lars Von Trier. Selma é uma mulher quase cega que precisa manter um trabalho pesado para conseguir juntar dinheiro. Enquanto isso, seu filho segue pelo mesmo caminho.
No entanto, esse é o só começo de tudo. Dançando no Escuro ainda nos guarda muitas angústias e aflições. Isso certamente faz do filme algo completamente diferente, especialmente quando se pensa em filmes musicais.
O amor aos musicais
Dançando no Escuro também traz à tona o amor pelos musicais. Selma claramente adora esse tipo de filme, e isso se reflete até no nome de seu filho: Gene, uma referência a Gene Kelly, de Cantando na Chuva. O filme faz diversas citações a outros musicais, como Rua 42 e A Noviça Rebelde e o nome do filme é uma clara referência a Cantando na Chuva.
Os musicais em Dançando no Escuro servem como uma anestesia da vida real para Selma. Ela não só se entorpece no cinema, como também imagina sua vida como se fosse um musical, sempre que se vê em momentos difíceis.
O filme dá uma perspectiva toda nova ao gênero musical, o que o torna um filme extremamente interessante.
Aspectos técnicos de Dançando no Escuro
Dançando no Escuro certamente não é um musical comum, muito pelo contrário. Embora utilize de algumas músicas de outros filmes, como My Favorite Things, de A Noviça Rebelde, a trilha sonora do longa é original.
Ela foi composta por Bjork e utiliza elementos e sons do dia a dia, o que faz muito sentido, já que os números musicais de Dançando no Escuro acontecem a partir de momentos da vida de Selma. Entre as músicas que fazem parte da trilha sonora do filme estão Cvalda, I’ve Seen It All, In The Musicals e New World.
As atuações também funcionam muito bem, especialmente a da protagonista Bjork, que parece ter nascido para o papel de Selma. Além dela, temos no elenco Catherine Deneuve, David Morse e Joel Grey, o Emcee de Cabaret.
Dançando no Escuro também é visto por muitas pessoas como um drama e, por isso, faz bastante sucesso até entre aqueles que não costumam gostar do gênero.
O filme é um musical completamente diferente, que mostra o pior e o melhor do ser humano, mas também nos mostra o consolo que provém do cinema, de maneira triste e bonita.