Dirty Dancing 2: Noites de Havana
A "sequência" de Dirty Dancing - Ritmo Quente
Em 1958, Katey Miller (Romola Garai), uma americana de 18 anos, se muda com seus pais e sua irmã mais nova para Cuba. Vivendo em um hotel, Katey conhece vários jovens americanos que, assim como ela, se mudaram para Havana com seus pais, mas ela não consegue fazer amizade com ninguém.
Logo, ela conhece Javier (Diego Luna), um funcionário do hotel que faz parte do grupo de revolucionários que deseja libertar Cuba da ditadura de Fulgencio Batista. Os dois ficam amigos e Katey descobre que Javier gosta de dançar em seu tempo livre.
Katey, então, propõe que os dois participem de um concurso de dança do hotel e que Javier fique com o valor do prêmio para ajudar sua família. Assim, enquanto os dois aprendem a dançar, eles se apaixonam.
A origem de Noites de Havana
Esta é, supostamente, uma continuação de Dirty Dancing – Ritmo Quente, que explora outros personagens e também outra trama. As únicas semelhanças entre os dois filmes são os romances retratados, as aulas de dança e a presença de Patrick Swayze, que faz uma pontinha.
Na realidade, o longa é inspirado nas experiências da produtora JoAnn Jansen, que viveu em Cuba no final dos anos 1950, quando tinha 15 anos. O roteiro original se chamava Cuba Mine e apresentava a revolução cubana através dos olhos de uma americana que vivia um romance com um jovem revolucionário cubano. A ideia era fazer um romance político que mostrasse como a revolução, que começou de maneira idealista, se tornou uma terrível ditadura socialista. Este roteiro passou por diversas rescritas, mas nunca saiu do papel e, eventualmente, foi deixado de lado.
Dez anos depois, Lawrence Bender, que tinha comprado o roteiro, resolveu fazer uma continuação de Dirty Dancing, e assim, usou o roteiro de Cuba Mine como inspiração para a história, embora nenhuma cena do roteiro original esteja presente em Noites de Havana.
Um romance clássico
A ideia básica por trás de Noites de Havana é o romance entre Katey e Javier, que se encaixa perfeitamente no clichê da garota rica que se apaixona por um rapaz pobre. Aqui as coisas se agravam um pouco mais porque existem questões étnicas e a revolução cubana, que afeta o casal.
Katey é uma jovem americana tímida, estudiosa e que passa boa parte do seu tempo lendo. Enquanto sua irmã mais nova, Susie, deseja ir para festas e se divertir, Katey quer paz e tranquilidade para poder estudar. No hotel onde a família vive, moram também algumas famílias americanas e Katey acaba conhecendo os filhos dessas famílias, que se reúnem em festas noturnas. A moça tem dificuldade de fazer amigos e não se mistura muito, mas chama a atenção do filho do chefe do pai de Katey.
Ela também conhece Javier, este jovem cubano que trabalha no hotel e que acaba despedido depois de ser visto na companhia da protagonista. Katey se sente culpada por isso e acha a demissão de Javier absurda. Ela vai atrás dele para se desculpar, os dois se tornam amigos e, mais tarde, namorados.
Os velhos clichês
Katey é uma americana rica que vive em uma bolha e entende pouco do que acontece ao seu redor. Enquanto isso, Javier é um jovem cubano pobre que trabalha para sustentar sua família e que quer fazer uma revolução em Cuba. A vida dos dois é completamente diferente e o relacionamento não é bem visto, especialmente pelos americanos.
Javier não só é pobre, como também é cubano e deseja que os americanos saiam de Cuba. James, o filho do chefe do pai de Katey, é o oposto de Javier. Rico, americano e se encaixa em todos os padrões possíveis. Na visão dos pais de Katey, ele é o pretendente ideal para a filha mas, enquanto James aparenta ser o rapaz perfeito, suas atitudes ao longo do filme vão mostrando outra coisa. Já Javier apresenta qualidades que James certamente não tem.
A dança
A dança é uma das poucas questões que estão presentes no Dirty Dancing antigo aqui em Noites de Havana. O filme original também tem um romance entre uma garota rica e um rapaz pobre, mas não tem nenhuma das outras camadas que estão presente na continuação, e os dois filmes apresentam aulas de dança e um concurso como objetivo final.
Katey se vê presa em um mundo onde ela não se encaixa e quando frequenta as festas dos jovens americanos, ela acha tudo careta e chato. Entretanto, tudo muda quando ela vê Javier dançando. As cenas de dança que acontecem nas festas americanas são comportadas e recatadas, enquanto a dança de Javier (e que acompanhamos mais tarde quando Katey vai a um clube local) é sensual e animada.
Katey se apaixona pela dança latina e toma algumas aulas com um professor (Patrick Swayze) do hotel, que lhe fala sobre o concurso de dança. Sabendo que Javier, que acabou de perder o emprego, precisa sustentar sua família, Katey o convida para ser seu parceiro de dança no concurso e ficar com o dinheiro do prêmio, caso os dois ganhem.
Como no filme original, a dança é o veículo para que Katey e Javier passem mais tempo juntos e acabem, eventualmente, se apaixonando, ao mesmo tempo que Katey se apaixona pela dança.
A revolução cubana
Noites de Havana também tem um pano de fundo histórico e político, embora seja abordado de maneira superficial. O filme se passa antes e durante a revolução cubana, que aconteceu no dia 1 de janeiro de 1959.
A questão é importante na trama em vários aspectos. O filme tem uma série de personagens americanos que se mudam para Cuba, justamente porque nos anos 1950, o país não só ainda mantinha relações com os Estados Unidos, como também era um destino comum para os americanos.
Além disso, Javier é um revolucionário que deseja que seu país seja livre e melhor para seus habitantes. Ele é o menos radical do seu grupo de amigos, uma vez que os outros desejam que os americanos desapareçam dali. Obviamente, isso se torna uma questão quando Javier se vê em um relacionamento com uma americana.
A questão política e histórica é abordada de maneira superficial e serve para distanciar ainda mais o mundo de Katey e Javier. A trama não se parece em nada com o roteiro original, que visava falar sobre as decepções que a revolução cubana trouxe, mas é interessante que o filme faça essa contextualização e traga à tona esse tema, mesmo que de maneira bem simples.
As músicas
Dirty Dancing – Noites de Havana é muito mais um filme de dança do que um musical por si só. Aqui os personagens não cantam em cena, mas fazem números musicais que são focados na dança, uma vez que esse é um dos temas principais. O longa tem algumas performances de cantores convidados que acontecem no palco, durante as festas e o concurso.
Assim como seu antecessor, Noites de Havana tem na trilha sonora músicas que não foram compostas para o filme, mas que são atuais e combinam com o estilo de dança que Katey está aprendendo.
Entre elas estão Dance Like This, de Wyclef Jean e Claudette Ortiz, Represent, Cuba, de Orishas e Heather Headley, Do You Only Wanna Dance, de Mýa e You Send Me, de Shawn Kane. A trilha sonora é ótima e faz uma boa composição com o tema do filme.
O filme tem várias cenas de dança, mas nenhuma delas é especialmente incrível ou intricada, ou se compara com a clássica cena de Dirty Dancing, no entanto, o longa funciona dentro do que se propõe a fazer.
Aspectos técnicos de Noites de Havana
A ideia aqui era fazer uma sequência não direta de Dirty Dancing, então, os aspectos básicos da trama original são mantidos. A sequência, no entanto, adiciona outras questões, como o pano de fundo político e a mudança de cenários.
O filme se passa no final dos anos 1950 e os figurinos demonstram isso. As roupas de Katey, que é uma americana rica, são bonitas, mas discretas e essa é uma lógica que acompanha boa parte dos personagens. Os americanos usam roupas em cores pastéis e recatadas, enquanto os cubanos usam roupas de cores fortes, justas e insinuantes. Katey usa roupas mais provocantes, decotadas e com cores mais fortes quando está dançando as danças cubanas.
A ambientação segue essa mesma direção de arte. As festas americanas, onde se escuta rock and roll, também apresentam jovens loiros, dançando separados e de forma quase mecânica. Já as festas cubanas, onde se toca música latina, acontecem em lugares escuros, apunhados de pessoas que dançam muito grudadas e que estão sempre suadas, o que, certamente, deixa a caracterização dos personagens não americanos um tanto quanto preconceituosa.
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Romola Garai se sai bem e sua protagonista é adorável e determinada, é fácil gostar dela e, por isso, temos vontade de acompanhar sua história. Diego Luna interpreta um personagem charmoso e gentil, que deixa a plateia interessada. A química entre o casal de protagonistas também é boa, o que faz com que a audiência acredite no relacionamento, mesmo que tudo aconteça de maneira bem rápida.
Dirty Dancing – Noites de Havana apresenta uma trama clássica, e não traz muita inovação, mas tem uma boa trilha sonora e personagens que a plateia se interessa em acompanhar.